sexta-feira, 22 de março de 2019

Review: ⚡ Tia Carrera - 'Visitors / Early Purple‘ (2019) ⚡

Da cidade de Austin (Texas, EUA) chega-nos o quinto e novo álbum de estúdio dos já míticos Tia Carrera intitulado de ‘Visitors / Early Purple’. Oficialmente lançado hoje mesmo pelo conceituado selo discográfico norte-americano Small Stone Records tanto em formato digital como numa edição limitada em vinil (reduzido a uma prensagem de apenas 500 cópias físicas disponíveis), este novo trabalho do power-trio texano – que desde a sua formação faz da jam a sua estrela orientadora – vem atestado de um incandescente, explorativo, alucinógeno e atordoante Heavy Psych de ousadas e bem resultadas aproximações a um sedutor Heavy Blues e ainda a um efervescente Acid Rock que nos centrifuga a alma e a arremessa na vertiginosa direcção da infindável vacuidade cósmica. A sua sonoridade electrizante, exótica, hipnótica e euforizante – inspirada e norteada pela irreverência setentista (de onde sobressai com indiscrição um fabuloso tributo ao virtuoso guitarrista neozelandês Billy TK ao volante de The Human Instinct) e fervida pelo corrosivo efeito Fuzz que banha o ouvinte com uma ácida, tensa e monolítica reverberação – tem a rara capacidade de nos atrelar a ela e viajar a alta velocidade pelos acrobáticos e sinuosos carris de uma estonteante montanha-russa sem qualquer equilíbrio emocional ou organização lógica. Passaram-se cerca de 8 anos desde a sua última arrebatadora profecia estelar apelidada de ‘CosmicPriestess’ (álbum no qual me refugio inúmeras vezes) mas a extraordinária capacidade deste tridente em executar e canalizar fascinantes, distensíveis e viajantes jams instrumentais de elevado grau de toxicidade continua bem intacta. Deixem-se empoeirar pela sónica misticidade astral borrifada por uma inexcedível e intratável guitarra que nos incendeia e chicoteia de adrenalina e embala na profunda vertigem à boleia dos seus dispersantes, caóticos, alucinados e revitalizantes solos, um baixo musculado – firmemente compenetrado na execução do riff-base – que se carrega a linhas onduladas, fluídas, graves e torneadas, e uma bateria groovy de ritmicidade galopante, destravada e empolgante que segura com destemida liderança as escaldantes rédeas desta poderosa, monolítica e furiosa avalanche sonora. Este é o lado mais indisciplinado e radical do Heavy Psych onde é usado e lavrado até às costuras das suas fronteiras. Uma constante erupção orgásmica que nos exorciza, enlouquece e eteriza ao longo dos seus vertiginosos e ofegantes 35 minutos de duração. ‘Visitors / Early Purple’ é um álbum de consumo impróprio para cardíacos que agride o ouvinte com uma intensa e saturada descarga de pura exaltação. Que este tão ansiado e aclamado regresso de Tia Carrera represente uma aceleração mais efectiva no processo de produção discográfica capaz de saciar todo o apetite voraz que as suas jams extraplanetárias há muito despertam em mim. Estamos seguramente na presença de um dos grandes discos do ano que rivalizará pelos lugares cimeiros da minha eleição.

Sem comentários: