Da cidade de Austin (Texas, EUA) chega-nos o quinto e novo álbum de estúdio dos já míticos Tia Carrera intitulado de ‘Visitors
/ Early Purple’. Oficialmente lançado hoje mesmo pelo conceituado selo
discográfico norte-americano Small Stone
Records tanto em formato digital como numa edição limitada em vinil (reduzido
a uma prensagem de apenas 500 cópias físicas disponíveis), este novo trabalho
do power-trio texano – que desde a
sua formação faz da jam a sua estrela
orientadora – vem atestado de um incandescente, explorativo, alucinógeno e
atordoante Heavy Psych de ousadas e
bem resultadas aproximações a um sedutor Heavy
Blues e ainda a um efervescente Acid
Rock que nos centrifuga a alma e a arremessa na vertiginosa direcção da infindável
vacuidade cósmica. A sua sonoridade electrizante, exótica, hipnótica e
euforizante – inspirada e norteada pela irreverência setentista (de onde sobressai com indiscrição um fabuloso tributo
ao virtuoso guitarrista neozelandês Billy
TK ao volante de The Human Instinct)
e fervida pelo corrosivo efeito Fuzz
que banha o ouvinte com uma ácida, tensa e monolítica reverberação – tem a rara
capacidade de nos atrelar a ela e viajar a alta velocidade pelos acrobáticos e sinuosos
carris de uma estonteante montanha-russa sem qualquer equilíbrio emocional ou organização lógica.
Passaram-se cerca de 8 anos desde a sua última arrebatadora profecia estelar apelidada
de ‘CosmicPriestess’ (álbum no qual me refugio inúmeras vezes) mas a
extraordinária capacidade deste tridente em executar e canalizar fascinantes, distensíveis
e viajantes jams instrumentais de
elevado grau de toxicidade continua bem intacta. Deixem-se empoeirar pela
sónica misticidade astral borrifada por uma inexcedível e intratável guitarra
que nos incendeia e chicoteia de adrenalina e embala na profunda vertigem à
boleia dos seus dispersantes, caóticos, alucinados e revitalizantes solos, um
baixo musculado – firmemente compenetrado na execução do riff-base – que se carrega a linhas onduladas, fluídas, graves e torneadas,
e uma bateria groovy de ritmicidade
galopante, destravada e empolgante que segura com destemida liderança as escaldantes
rédeas desta poderosa, monolítica e furiosa avalanche sonora. Este é o lado
mais indisciplinado e radical do Heavy Psych onde é usado
e lavrado até às costuras das suas fronteiras. Uma constante erupção orgásmica que
nos exorciza, enlouquece e eteriza ao longo dos seus vertiginosos e ofegantes 35
minutos de duração. ‘Visitors / Early Purple’ é um álbum de consumo impróprio para
cardíacos que agride o ouvinte com uma intensa e saturada descarga de pura exaltação.
Que este tão ansiado e aclamado regresso de Tia Carrera represente uma aceleração mais efectiva no processo de produção
discográfica capaz de saciar todo o apetite voraz que as suas jams extraplanetárias há muito despertam
em mim. Estamos seguramente na presença de um dos grandes discos do ano que
rivalizará pelos lugares cimeiros da minha eleição.
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