domingo, 7 de abril de 2019

Review: ⚡ Brant Bjork - 'Jacoozzi‘ (2019) ⚡

Depois de terem sido deixadas em processo de maturação durante quase uma década, as velhas e poeirentas gravações de ‘Jacoozzi’ vêem finalmente a luz do dia pela mão do já conceituado selo discográfico romano Heavy Psych Sounds sob a forma física de CD e vinil. Para o lendário multi-instrumentista Brant Bjork – um dos mais carismáticos fundadores e embaixadores da emblemática Desert Scene – este trata-se do seu 11º trabalho de longa duração pertencente a uma gloriosa carreira a solo iniciada já no final dos anos 90 com o lançamento do tão consagrado ‘Jalamanta’ (que elevo ao estatuto de verdadeira divindade). Gravadas em Dezembro do já distante ano de 2010 no conforto do seu estúdio caseiro, enraizado em plena Joshua Tree (Califórnia, EUA), estas exóticas sessões solitárias, finalmente reunidas e apelidadas de ‘Jacoozzi’, representam a tão desejada aproximação às suas origens (conjugando o envolvente e ardente Desert Rock transpirado pelo ‘Jalamanta’ com a dançante e empolgante veia Funky exalada de ‘Keep Your Cool’. Ensolarado, temperado e bronzeado por uma relaxante, agradável e ardente sonoridade – de onde sobressai e facilmente se apalada um deslumbrante, veraneio e caleidoscópico psicadelismo desértico, superiormente executado por uma clara influência jazzística, ritmado a um delicioso Funk de inspiração sessentista, e climatizado por uma sedativa aura Chillout – este “novo” álbum de Brant Bjork faz-nos embalar numa maravilhosa viagem pelas tisnadas, aveludadas e fervilhantes areias de um majestoso deserto, onde imponentes Saguaros se espreguiçam na vertiginosa direcção dos céus turquesa e um Sol vigilante de intensa luminosidade e inebriante bafagem se debruça no horizonte esbatido que se renova e desdobra pela infinidade fora. De pés descalços e enterrados nas areias do deserto, pálpebras desmaiadas, olhar eclipsado, e alma aquecida e nutrida pelo inquietante, deleitoso e ofuscante Groove de ‘Jacoozzi’, somos visitados e doutrinados por uma eloquente epifania desértica que nos seduz, enternece e conduz ao longo de todo o álbum. São 47 minutos saturados de um reinante e hipnotizante poder de entusiasmo contido e fascinação desmedida que nos ancora num pleno e imperturbável estádio de profundo êxtase. Bamboleiem o vosso corpo detidamente submisso a uma guitarra endeusada que se manifesta em serpenteantes, voluptuosos, oleosos e estimulantes Riffs de onde florescem e se enaltecem borbulhantes, ácidos e delirantes solos, pendulem pesada e lentamente a vossa cabeça à reverberante boleia de um baixo murmurante que se carrega e norteia a linhas vigorosas, sombreadas, onduladas e poderosas, e troteiem uma bateria tribalista – aliada a uma percussão ritualista – de toque cintilante, ecoante, ritmado e galopante. De destacar ainda num plano secundário as timidas presença de um empolado e alegre teclado estilo swing e da lúcida e harmoniosa voz de Brant Bjork a dar vida ao tema conclusivo. Este é um álbum de uma beleza paradisíaca que nos relaxa e massaja todos os membros e sentidos. Um lisérgico cocktail de tonalidade alaranjada, sabor tropical e natureza espirituosa que me afagara e deleitara do primeiro ao derradeiro tema. Resta-me desejar que o futuro discográfico de Brant Bjork seja imensamente influenciado pelas quentes, místicas e alucinantes vibrações emitidas da mágica essência de ‘Jacoozzi’. Recostem-se confortavelmente, respirem profunda e pausadamente, e deixem-se dissolver e embevecer neste perfeito oásis de água cálida e borbulhante que vos perfumará o ser de um sublimado transe espiritual. Não é nada fácil sair deste anestésico e lenitivo ‘Jacoozzi’ de indução auditiva, superiormente cozinhado e tocado pela maestra singularidade de um dos músicos mais talentosos da actualidade.

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