Depois de terem sido deixadas em processo de maturação durante quase uma década, as velhas e poeirentas gravações
de ‘Jacoozzi’
vêem finalmente a luz do dia pela mão do já conceituado selo discográfico
romano Heavy Psych Sounds sob a
forma física de CD e vinil. Para o lendário multi-instrumentista Brant Bjork – um dos mais carismáticos
fundadores e embaixadores da emblemática Desert Scene – este trata-se do seu
11º trabalho de longa duração pertencente a uma gloriosa carreira a solo iniciada
já no final dos anos 90 com o lançamento do tão consagrado ‘Jalamanta’ (que elevo ao
estatuto de verdadeira divindade). Gravadas em Dezembro do já distante ano de
2010 no conforto do seu estúdio caseiro, enraizado em plena Joshua Tree (Califórnia, EUA), estas
exóticas sessões solitárias, finalmente reunidas e apelidadas de ‘Jacoozzi’,
representam a tão desejada aproximação às suas origens (conjugando o envolvente
e ardente Desert Rock transpirado
pelo ‘Jalamanta’
com a dançante e empolgante veia Funky exalada de ‘Keep Your Cool’. Ensolarado,
temperado e bronzeado por uma relaxante, agradável e ardente sonoridade – de onde
sobressai e facilmente se apalada um deslumbrante, veraneio e caleidoscópico psicadelismo desértico, superiormente executado
por uma clara influência jazzística, ritmado a um delicioso Funk de inspiração sessentista, e climatizado por uma sedativa aura Chillout – este “novo” álbum de Brant Bjork faz-nos embalar numa maravilhosa viagem pelas tisnadas,
aveludadas e fervilhantes areias de um majestoso deserto, onde imponentes Saguaros se espreguiçam na vertiginosa direcção
dos céus turquesa e um Sol vigilante de intensa luminosidade e inebriante bafagem
se debruça no horizonte esbatido que se renova e desdobra pela infinidade fora. De pés descalços
e enterrados nas areias do deserto, pálpebras desmaiadas, olhar eclipsado, e
alma aquecida e nutrida pelo inquietante, deleitoso e ofuscante Groove de ‘Jacoozzi’, somos
visitados e doutrinados por uma eloquente epifania desértica que nos seduz,
enternece e conduz ao longo de todo o álbum. São 47 minutos saturados de um
reinante e hipnotizante poder de entusiasmo contido e fascinação desmedida que
nos ancora num pleno e imperturbável estádio de profundo êxtase. Bamboleiem o
vosso corpo detidamente submisso a uma guitarra endeusada que se manifesta em serpenteantes,
voluptuosos, oleosos e estimulantes Riffs
de onde florescem e se enaltecem borbulhantes, ácidos e delirantes solos,
pendulem pesada e lentamente a vossa cabeça à reverberante boleia de um baixo
murmurante que se carrega e norteia a linhas vigorosas, sombreadas, onduladas e
poderosas, e troteiem uma bateria tribalista – aliada a uma percussão
ritualista – de toque cintilante, ecoante, ritmado e galopante. De destacar
ainda num plano secundário as timidas presença de um empolado e alegre teclado
estilo swing e da lúcida e harmoniosa
voz de Brant Bjork a dar vida ao
tema conclusivo. Este é um álbum de uma beleza paradisíaca que nos relaxa e massaja
todos os membros e sentidos. Um lisérgico cocktail
de tonalidade alaranjada, sabor tropical e natureza espirituosa que me afagara
e deleitara do primeiro ao derradeiro tema. Resta-me desejar que o futuro
discográfico de Brant Bjork seja imensamente
influenciado pelas quentes, místicas e alucinantes vibrações emitidas da mágica
essência de ‘Jacoozzi’. Recostem-se confortavelmente, respirem profunda e
pausadamente, e deixem-se dissolver e embevecer neste perfeito oásis de água cálida
e borbulhante que vos perfumará o ser de um sublimado transe espiritual. Não é nada fácil sair deste anestésico e lenitivo
‘Jacoozzi’
de indução auditiva, superiormente cozinhado e tocado pela maestra singularidade
de um dos músicos mais talentosos da actualidade.
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