Do outro lado do oceano
Atlântico chega-nos o psicadelismo sideral e tropical dos brasileiros Auramental com a promoção do seu tão
aguardado álbum de estreia (e que estreia! - devo antecipar). De denominação
homónima e lançado no passado dia 17 de Maio em formato digital através da sua
página de Bandcamp oficial, este ‘Auramental’
representa a sinopse que baliza a iminente meia década de actividade alcançada
por este talentoso quarteto localizado na veraneia cidade de Rio de Janeiro. Resultada de uma bem-sucedida
fusão entre um delirante, envolvente, alucinógeno e atordoante Heavy Psych com pontuais evoluções e aproximações
ao arrastado, pesado e tenebroso Psych
Doom, um serpenteante, ritmado, ensolarado e refrescante Surf Rock de indiscreta vocação sessentista, e ainda um ambiental,
meditativo, imersivo e celestial Krautrock climatizado e aureolado por um misticismo oriental, a magnetizante, sublimada e deslumbrante sonoridade
de ‘Auramental’
narcotiza e canaliza o ouvinte para uma profunda e vertiginosa hipnose que o
embalará e massajará ao longo dos quatro temas que habitam o álbum. À adorável boleia
das suas evolutivas, sedutoras e criativas jam’s de natureza instrumental e
destreza excepcional, somos fascinados e içados até aos mais edénicos estados
mentais onde o nosso ego se bronzeia, esperneia e regozija. Toda uma
maravilhosa e deleitosa odisseia espiritual que nos catapulta pela misteriosa intimidade
do lado secreto e eclipsado do nosso Cosmos interior. Deixem-se embevecer,
extasiar e endoidecer pela exótica e diluviana toxicidade libertada por duas
guitarras sensacionais que se exteriorizam em voluptuosos, lenitivos,
deslumbrantes e apetitosos acordes, e descarrilam em ziguezagueantes, ácidos,
alucinados e mirabolantes solos sem qualquer organização lógica, um enigmático baixo
capitaneado a linhas murmurantes, fluídas, hipnóticas e dançantes, e uma
bateria entusiasta e diligente que tiquetaqueia com perícia, imaginação e
emoção toda esta portentosa erupção consciencial. ‘Auramental’ escancara as
portas da nossa percepção e convida-nos a um ousado mergulho na infinidade
espiritual. Sintam-se verter e diluir nesta visceral efervescência – tricotada e colorida a um febril e ofuscante psicadelismo de textura distorcida que prontamente nos esvazia a lucidez e atesta
de embriaguez – e testemunhar na primeira pessoa uma das mais épicas divagações
psíquicas da vossa existência. Não vai ser nada fácil regressar deste extraordinário
álbum e recuperar da duradoura ressaca que o mesmo enraizara em mim.
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