Madmess –
um jovem power-trio português
emigrado na cidade inglesa de Londres
– acaba de lançar o seu impactante álbum de estreia ‘Madmess’ através da
plataforma Bandcamp e unicamente em
formato digital para download. Fundamentado
num meditativo, místico e lenitivo Psych
Rock que se fortalece, sombreia, enlameia e metamorfoseia num electrizante,
sublime e alucinante Heavy Psych de natureza
instrumental e propensão astral, este seu primeiro registo de longa duração – consequência
de dois anos de trabalho focado e inspirado – causa no ouvinte todo um profundo
estádio de êxtase e fascinação que de forma progressiva e subtil se desenvolve
para uma polvorosa comoção de redentora euforia e exaltação. A sua sonoridade desmesuradamente encantadora e provocante – essencialmente sustentada em envolventes, fabulosas e ostentosas Jam’s
que nos desenterram da gravidade terrestre e fazem cabecear os mais longínquos e
solitários astros que farolizam o aveludado negrume cósmico – passeia-se e
incendeia-se numa vertiginosa odisseia a velocidades e horizontes diferenciados.
Num admirável equilíbrio emocional entre a anestésica, sedutora e nirvânica mansidão,
e a efervescente, frenética e intoxicante excitação, somos raptados e enfeitiçados por uma guitarra magnética que se vangloria em refinados, comoventes,
ardentes e condimentados riffs, e se exalta
em atordoantes, desenfreados, ácidos e instigantes solos, um possante baixo de
reverberação maciça que se orienta a linhas pujantes, fibróticas, hipnóticas e
bafejantes, e uma apimentada bateria locomovida a uma intensa e vigorosa fogosidade.
De destacar e louvar ainda o majestoso artwork
– levado a cabo pela talentosa ilustradora portuguesa Lory Cervi – que embeleza o rosto deste ‘Madmess’ com um transponível
portal capaz de nos imanizar para as caóticas e enigmáticas paisagens de um
Cosmos palpitante. São cerca de 34 minutos – estruturados pelos quatro longos temas
que os ornamentam – lavrados e saturados por uma absorvente misticidade que me embaciara
e sufocara a lucidez, e hasteara as velas da consciência ao sabor dos celestiais
ventos que mareiam toda a imensidão sideral de Madmess. Chego ao final do derradeiro tema de alma completamente pasmada
e arrebatada pela etérea beleza que este álbum encerra. Um perfeito refém em
orbita da sua poderosa gravidade. E é ainda de sentidos inebriados e cambaleantes
que aponto esta incrível estreia de Madmess
aos mais elevados lugares da listagem onde habitam os mais distintos registos
lançados em 2019. ‘Madmess’ é uma portentosa e inolvidável experiência sonora à
qual ninguém se deve negar. Que álbum!
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