Depois de uma bem-sucedida
campanha de crowdfunding que num curto
espaço de tempo financiara na totalidade toda a gravação e produção em estúdio,
os espanhóis The Mothercrow anunciam
finalmente o seu tão ansiado álbum de estreia batizado de ‘Magara’ e do qual muito devem
orgulhar-se. Oficialmente lançado no passado dia 17 de Maio sob a forma física
de vinil pela mão do conceituado selo discográfico de origem germânica Nasoni Records, e em formato de CD pela
parceria editorial espanhola que interligara a madrilena Nooirax
e a La Rubia Producciones, este
primeiro trabalho de longa duração do entusiasmante quarteto localizado na
cidade de Barcelona vem inflamado de
um musculado, enérgico, fibrótico e torneado Hard Rock de tração setentista
e engrenado num deslumbrante, sedutor, harmonioso e contagiante Heavy Blues de ostentosa e primorosa
condução. A sua sonoridade deveras fascinante, clássica, carismática e chamejante
prende um embriagante aroma de paladar intimista e revivalista que me envolvera,
intrigara e embevecera do primeiro ao derradeiro tema. São 44 minutos ensolarados
e ofuscados por uma paradisíaca fervura de alcance transversal a todo o álbum, condimentando
e apimentando tanto as deleitáveis, adoráveis, atraentes e eloquentes baladas
de desarmante beleza, como as excitantes, dinâmicas e desconcertantes cavalgadas
de instrumentos esporeados à rédea solta. ‘Magara’ é um aprimorado, brilhante
e consumado registo que se galanteia pela doce, harmoniosa e sedosa brandura, e
se incendeia pela vulcânica, caótica e destravada comoção. Testemunhem toda a
admirável sinergia destes catalães onde uma guitarra prodigiosa se bamboleia à
boleia de ostentosos, veneráveis e prazerosos acordes e se transcende na
libertação de vistosos, inventivos e talentosos solos, um voluptuoso baixo
valvulado a linhas reverberantes, fluídas, vincadas e magnetizantes, uma agradável
bateria locomovida tanto a um toque polido, brilhante e delicado como a uma rumorosa,
explosiva e calorosa ritmicidade, e ainda uma voz volumosa, melódica, mélica e
libidinosa que se passeia e envaidece pela decorosa atmosfera desde maravilhoso
álbum de The Mothercrow. De realçar
ainda o esmerado, distinto e elevado artwork
– de créditos apontados ao habilidoso artista espanhol Jalón de Aquiles – que confere todo um exótico misticismo visual a esta
distinta obra-prima. É de alma completamente enfeitiçada e saciada que regresso
do sublimado ‘Magara’. Um disco portador de uma aura tanto edénica e tocante,
como eufórica e vibrante que seguramente conquistará a aceitação e reclamará a devoção
de todos aqueles que nele comungarem. Estamos na singular presença de um álbum tremendamente
refinado e provocante que aponta todas as suas pretensões às mais altas
posições da listagem referente aos melhores registos lançados em 2019.
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