quinta-feira, 9 de maio de 2019

Review: ⚡ Papir - 'VI' (2019) ⚡

Devo confessar que para lá do álbum de estreia ‘Papir’ (via Red Tape, 2010) e do registo que perseguira o homónimo ‘Stundum’ (via El Paraiso Records, 2011) não mais consegui retirar dos seguintes álbuns de Papir o grande fascínio que a minha expectativa deles esperava exteriorizar. Ainda assim, foi de alma deslumbrada e olhar firmemente ancorado no palco do saudoso festival ribatejano Reverence Valada que no verão de 2016 experienciara ao vivo pela primeira e – até ao momento – única vez este adorável trio dinamarquês (review aqui). Mas hoje o meu entusiasmo apontado a Papir – depois de uma longa hibernação – acaba de despertar e reacender-se, e o único culpado dessa proeza intitula-se de ‘VI’. Tal como o nome sugere, ‘VI’ simboliza o sexto álbum de estúdio produzido por esta consumada formação nórdica localizada na cidade-capital de Copenhaga, e tem o seu lançamento integral e oficial agendado para o dia de amanhã (sexta-feira, 10 de Maio) pela mão da editora germânica Stickman Records (casa discográfica de prestigiadas referências como Elder, Motorpsycho, Weedpecker e King Buffalo) sob a forma física de CD e vinil. E se na primeira impressão retirada de ‘VI’ é-nos fácil reconhecer e apaladar um relaxante, edénico, bucólico e apaixonante Psych Rock de orientação e sensibilidade jazzística (a fazer lembrar Colour Haze, Causa Sui e Yawning Man), a fluída viagem sonora de Papir transporta-nos seguidamente para os místicos domínios de um magnetizante, lenitivo e deslumbrante Krautrock que muito subtilmente evolui para um dançante, robusto e empolgante Heavy Prog capaz de pôr à prova a firmeza da nossa sanidade mental. Bordada por repetitivas estruturas instrumentais que se amontoam e organizam entre si – criando uma rendilhada tapestria de hipnótica e delirante beleza – a sublime e sedutora musicalidade de ‘VI’ pendula-nos entre uma contemplativa e inebriante serenidade climatizada pela inércia e uma euforizante vertigem que nos embala num labiríntico vórtice. Uma onírica viagem de condução progressiva que nos envolve, ofusca e revolve. Deixem-se dissolver e embevecer nos enfeitiçantes acordes e ziguezagueantes solos tecidos por uma guitarra movimentada a uma simetria e polifonia verdadeiramente admiráveis, um baixo pulsante de linhas desenhadas a robustez, vivacidade e fluidez, uma bateria criativa e sofisticada de toque cintilante, requintado e chamejante que esculpe e lapida todas as digressões da guitarra, e um mágico sintetizador de misticismo ecoante e transbordante que confere a ‘VI’ toda uma endeusada aura celestial. Este é um álbum de natureza viajante e cinematográfica que arremessa o comum mortal para fora da sua órbita consciencial. Deixem-se hipnotizar e eterizar pela sua radiância cristalina, e testemunhem todo o desarmante portento de um dos álbuns mais cativantes forjados em 2019.

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