segunda-feira, 20 de maio de 2019

Review: ⚡ Praÿ - 'Praÿ' (2019) ⚡

Da cidade francesa de Lyon chega-nos o empolgante álbum de estreia do jovem tridente Praÿ. Lançado muito recentemente através da sua página oficial de Bandcamp em formato digital, de CD e ainda numa limitada edição em vinil, este registo de denominação homónima encerra um electrizante, dinâmico, xamânico e euforizante Heavy Psych de um corrosivo e chamejante efeito Fuzz, que tanto se robustece e obscurece num montanhoso, lamacento e poderoso Psych Doom, como se apazigua e nebuliza num meditativo, místico e lenitivo Space Rock. A sua sonoridade – nutrida e conduzida a envolventes, valvuladas e eloquentes jams de natureza instrumental e sideral – tem a capacidade de absorver, amotinar e extasiar o ouvinte ao longo de todo o seu corpo temporal, pendulando-o do mais soterrado abismo terrestre ao mais elevado ponto do Cosmos. São cerca de 48 minutos povoados por quatro longos temas e alternados por uma bipolaridade atmosférica que tanto nos sacode, centrifuga e explode de incontida e fervorosa adrenalina, como nos relaxa, narcotiza e eteriza de uma temulenta sublimidade temperada a morfina. E é esta bipolaridade musical e emocional que faz de ‘Praÿ’ um álbum verdadeiramente irresistível aos ouvidos do comum mortal. Deixem-se absorver, enlouquecer e deleitar à boleia de uma guitarra endeusada e consagrada pelos astros que se manifesta em riffs vultosos, pujantes e rumorosos, e se agita em alucinantes, ácidos e trepidantes solos, um baixo carrancudo de linhas carregadas, magnetizantes, intrigantes e onduladas, e uma bateria sísmica que com a sua impetuosa, arrojada e fogosa ritmicidade esporeia e incendeia toda esta violenta evasão da consciência pelo profundo negrume astral. A cuidadosa, detalhada e engenhosa ilustração que confere rosto a este portentoso registo é da autoria da artista francesa Jody de Bousilly (aka Mamie Bousille) que vertera com exatidão para o universo visual o que de mais secreto e primordial subsiste na enigmática essência de ‘Praÿ’. Este é um álbum de propensão sideral que nos suga através de um desenfreado vórtice e desagua num perfeito estado de encantamento e exultação. Já tinha saudades de um disco assim.

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