Depois de um jejum
discográfico de sete anos (no que à produção de álbuns de estúdio diz respeito,
entenda-se), os lendários Saint Vitus
– comumente e justamente apelidados de padrinhos do Doom Metal norte-americano – estão de regresso (e que regresso!)
com a apresentação do seu novo trabalho de longa duração designado de ‘Saint
Vitus’ e lançado muito recentemente pela mão da já consagrada editora discográfica
francesa Season Of Mist (sediada na
cidade de Marselha e especializada na promoção da música Metal) sob a forma
física de vinil, CD e cassete. Este seu novo álbum – o segundo de designação
homónima – representa o tão ansiado regresso às origens da banda, ou não tivessem
recuperado o seu carismático vocalista de origem Scott Reagers (que desde o lançamento de ‘Die Healing’ em 1995 não
mais empunhara o microfone de Saint
Vitus). Confesso-me um especial adorador dos primórdios discográficos desta
mítica formação californiana (particularmente em relação ao seu álbum de
estreia ‘Saint Vitus’ datado de 1984 e ao ‘Born Too Late’ nascido
em 1986), e, portanto, foi com uma grande dose de desconfiança que antevi este
seu novo registo. Mas assim que o ouvira pela primeira vez, todas as dúvidas se
dissiparam e deram lugar a um perfeito estado de fascinação que me climatizara
e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. Apesar dos 35 anos que balizam o
primeiro disco homónimo deste segundo, ambos possuem almas aparentadas. Logo
aos primeiros acordes baforados pela guitarra demoníaca e atormentada de Dave Chandler, somos hipnotizados e
toldados pela negra e intrigante radiância que envolve todo o corpo temporal deste
renovado ‘Saint Vitus’. Trajada e maquilhada por um titânico, carregado
e luciférico Doom Metal e com destemidas (mas bem-sucedidas) aproximações aos domínios de um galopante,
apressado e euforizante Heavy Metal
de cariz tradicional, a caliginosa, tensa e portentosa sonoridade destes
revigorados Saint Vitus provocara em
mim toda uma súbita e inesperada sensação de crescente devoção. Comunguem toda esta
sombria e horripilante liturgia de ‘Saint Vitus’ à perturbadora boleia
de uma guitarra suprema que se agiganta em arrastados, monolíticos e
assombrados riffs e se desfigura em excêntricos,
caóticos e alucinados solos, um baixo profano de bafagem possante, tensa, turva
e magnetizante, uma forte bateria de ritmicidade pausada, pesada e ressonante,
e ainda uma carismática voz tanto de textura encorpada, melódica e cuidada, como ardente, espinhosa e corrosiva, que lidera
com gloriosa autoridade toda esta sólida e denegrida avalanche sonora. Chego ao
final deste álbum de alma completamente pasmada e exorcizada pela ritualística dominância
que ‘Saint
Vitus’ ostenta. Um álbum do tamanho da imaculada reputação que esta
banda localizada em Los Angeles detém,
e que – depois de um passado triunfante – deixa no ouvinte a forte convicção de
que este invejável legado se vai arrastar pelas estradas futuristas. Foi essa a
certeza que ‘Saint Vitus’ deixara imortalizada em mim.
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