Da cidade de Manchester (Reino Unido) chega-nos o esplêndido EP de estreia do jovem quarteto
inglês Farfisa, designado de ‘Seven Suns’ e lançado através da sua página
de Bandcamp em formato digital e sob
a forma física de cassete pela mão conjunta do pequeno selo discográfico local Sour Grapes Records e da distribuidora local
Mars Tapes. Destilada de uma
agradável e elogiável fusão entre um quente, exótico e relaxante Psych Rock, um anestésico, lisérgico e
envolvente Shoegaze, e ainda um viajante,
hipnótico e fascinante Space Rock, a
deslumbrante, lenitiva e meditativa sonoridade, de clima veraneio e aroma
oceânico, que orbita este fabuloso ‘Seven
Suns’ tem o dom de nos bronzear, embevecer e sublimar ao longo dos três
temas que o incorporam. São 19 minutos ensolarados e saturados de um edénico psicadelismo
que nos distende da tropical costa californiana banhada pelo Oceano Pacífico até
aos rosados e consagrados céus da velha Pérsia. Uma sonhadora e arrebatadora caravana
sonora pelos desertos da alma que – de olhar selado, sorriso imortalizado no
rosto e corpo serpenteante – nos eteriza e canaliza na direcção do transe. Ingressem nesta sagrada
peregrinação destinada ao tão almejado nirvana
à estarrecedora boleia de uma guitarra que se manifesta em sedosos, alucinógenos
e voluptuosos acordes e se transcende em eruptivos solos de natureza borbulhante,
uivante, ácida e delirante, um murmurante baixo de linhas hipnotizantes, fluídas,
compenetradas e ondulantes, uma jazzística
bateria tiquetaqueada e ritmada a delicadeza, sensibilidade, requinte e
destreza, uma liderante e agradável voz de tez aveludada, pacífica e cuidada, e
ainda uma profética cítara de bailados extasiados, extravagantes e enfeitiçados
que nos empoeira com o seu ofuscante misticismo de inspiração oriental. ‘Seven
Suns’ é um registo aureolado e aclimatado por uma endeusada beatitude que
prende todo um verdadeiro oásis espiritual onde nos estacionamos e deliciamos
do primeiro ao derradeiro minuto. Uma verdadeira terapia via auditiva que nos
desprende o ego da gravidade corporal e o arremessa para as zonas mais erógenas
da intimidade consciencial. Sintam-se dissolver nas profundezas desta paradisíaca
narcose que nos afaga todos os estímulos sensoriais, e reverenciar um dos mais singulares
EP’s lançados até ao momento em 2019.
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