Sendo eu um intratável e
insaciável admirador e consumidor de Blues Rock argentino (desde a sua raiz
setentista aos frutos mais contemporâneos), não poderia ter regressado do
novo álbum de Knei sem que o mesmo não tivesse provocado em mim toda uma
dominância de tal magnitude que prontamente me arremessara para esta sua elogiosa
dissertação escrita. ‘III’ é – tal como a sua designação sugere –
o terceiro álbum deste fascinante power-trio localizado na
cidade-capital de Buenos Aires, lançado no passado dia 7 de Julho
através das mais variadas plataformas digitais. Fundamentada num requintado, mélico,
lenitivo e aromatizado Psych Rock em harmonioso diálogo com um ostentoso,
oleado, torneado e fogoso Blues Rock, a deslumbrante e extasiante sonoridade
de ‘III’ é estofada de um carismático revivalismo que me
enfeitiçara, namorara e conquistara logo à primeira audição. São 31 minutos
atestados de uma esplendorosa conjugação entre a voluptuosidade, a destreza, a
delicadeza e a virtuosidade que me deixara pasmado, embriagado e convulsionado pelo prazer.
Uma ensolarada, odorosa e arrebatada exteriorização musical, pautada e temperada
por uma admirável simbiose instrumental. De alma sublimada e corpo pendulado
somos absorvidos e movidos por uma luxuosa guitarra que se envaidece em primorosos,
aristocráticos, enfáticos e airosos acordes e se esvoaça em cuidados, maravilhosos,
rebuscados e briosos solos de desarmante e incessante maviosidade, um baixo
pulsante de linhas buliçosas, fluidas e vistosas, uma faustosa bateria de
acrobacias audaciosas, cintilantes e talentosas, e ainda uma voz educada, suave
e delicada que timoneia toda esta caprichada e inspirada extravagância via auditiva.
‘III’ é um álbum produzido e nutrido a uma mestria transbordante
que me colocara os ouvidos em constante salivação e a alma em intensa enlevação.
Um registo de natureza apaixonante – portador de uma distinta e simétrica nobreza
– que promete cortejar a aceitação e consequente veneração dos ouvintes mais
exigentes, e ainda batalhar por um lugar de destaque na lista dos melhores
álbuns lançados em 2019. Um dos meus registos favoritos do ano está aqui, na acabada,
magnética, feérica e consagrada obra-prima de Knei. Inebriem-se e purifiquem-se
nela.
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