Da cidade-capital mais
setentrional do Mundo (Reiquiavique, na Islândia) chega-nos uma
das mais agradáveis surpresas sonoras de 2019. ‘In Flight’ é o
segundo e novo álbum do jovem e habilidoso quarteto nórdico Lucy In Blue
– lançado no passado mês de Abril pela mão da editora discográfica norueguesa Karisma
Records sob a forma física de CD e vinil – e traz-nos a melodiosa fragância
de um requintado, envolvente, eloquente e delicado Psychedelic Rock
entrelaçado num místico, sumptuoso, donairoso e onírico Prog Rock tingidos
e temperados a um desarmante, afagante e sublimado revivalismo que me prendera
e deslumbrara com tremenda facilidade. De influências focadas e cravadas nas míticas referências
britânicas Pink Floyd, Camel e King Crimson, a encantadora
sonoridade de beleza crepuscular que este ‘In Flight’ encerra,
transporta o ouvinte para as carismáticas e saudosas décadas de 60 e 70. São 40
minutos ensolarados, aromatizados e capitaneados por uma atmosfera saturada de
elegância, destreza, fineza e exuberância que nos extasia os sentidos e provoca
uma crescente salivação nos ouvidos. De olhar semi-cerrado, sorriso perpetuado
no rosto, alma inebriada, e cabeça suave e detidamente balanceada de ombro a
ombro, somos levados e enlevados por esta majestosa digressão sonora de distinta
formosura. Uma inspirada e fascinada obra-prima de pureza lapidar da qual estes
Lucy In Blue só têm de se orgulhar e colecionar os mais nobres e elevados
elogios. Sintam-se levitar e arrebatar ao conjugado som entre uma prodigiosa guitarra
que se enfatiza na condução de majestosos acordes e eróticos solos, uma primorosa
bateria de cuidada, polida, talentosa e caprichada orientação jazzística,
um baixo contemplativo de linhas suavizantes, oleadas, fluídas e magnetizantes,
um maravilhoso teclado de copiosos, quiméricos, sidéricos e ostentosos bailados,
e ainda uma voz sedosa, delicada e voluptuosa que lidera com especial primazia todo
este sonho acordado. ‘In Flight’ é um álbum verdadeiramente
cativante, estupendo e apaixonante. Uma esmerada, preciosa e iluminada ode ao adorável
revivalismo há muito caído em desuso, mas que se mantém tão vivo e chamejante no
meu imaginário. Uma pérola islandesa que resvala nas fronteiras da perfeição. Deixem-se estarrecer,
embevecer e desmaiar na desmoderada excelsitude destilada por este novo
trabalho de Lucy In Blue, e reverenciem com total fascínio e rendição um
dos registos mais precisos, simétricos e virtuosos talhados este ano.
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