Da histórica cidade de Cincinnati
aka “Cincy” (pertencente ao estado norte-americano de Ohio)
chega-nos um dos álbuns mais entusiasmantes do ano. Refiro-me a ‘Old Gods’,
o novo trabalho de longa duração do quarteto Valley of the Sun que fora
lançado na segunda metade do passado mês de Maio pela mão do conceituado selo
discográfico sueco Fuzzorama Records sob a forma física de CD e vinil. Fervido
e conduzido por um fogoso, musculado, torneado e poderoso Stoner Rock à
boa e velha moda de Truckfighters, Unida ou Fu Manchu,
este álbum conta também com uma indiscreta aproximação a um vigoroso, melódico,
denso e ostentoso Grunge Rock a fazer recordar os carismáticos Soundgarden
e Alice in Chains na plenitude dos gloriosos anos 90. A sua sonoridade de tonalidade pujante,
vulcânica, dinâmica e empolgante – incendiada, mordida e fustigada pelo efeito Fuzz
– remete o ouvinte para as poeirentas estradas de um imenso deserto a perder de
vista, de olhar cravado no horizonte abrasado e esbatido pelo Sol incandescente,
e punhos firmemente cerrados ao volante de um rumoroso muscle car. É num
admirável equilíbrio emocional que tanto nos explode e revolve num ardente rugido
de adrenalina, como nos banha e relaxa num lisérgico e contemplativo oásis, que
este ‘Old Gods’ faz sentir a sua forte presença. Acabados de alcançar
a sempre elogiável marca de dez anos de existência, os Valley of the Sun
têm em ‘Old Gods’ o seu álbum mais maturado, aprimorado e – indubitavelmente
– o meu favorito da sua já respeitável discografia. De lucidez nublada e alma plenamente
atestada de uma imperturbável sensação de bem-estar, somos dominados e embalados
à excitante boleia de duas guitarras motorizadas que se agigantam em volumosos,
oleados, ritmados e fragorosos riffs de onde florescem ziguezagueantes,
ácidos e alucinantes solos, um baixo bafejante – de tensa ressonância – que se
orienta e ostenta a linhas pulsantes, sólidas e possantes, uma bateria
expressiva de ritmicidade rutilante, galopante e impulsiva, e ainda uma voz liderante,
viçosa, melodiosa e refrescante – que se balanceia por entre a aspereza felina de um John Garcia
e a condimentada veemência de um Chris Cornell – e se adapta na perfeição à inflamante e fervilhante
reverberação instrumental. Este é um álbum repleto de um contagiante e vibrante
entusiasmo que nos espevita e agita do primeiro ao derradeiro tema. São 42
minutos ensolarados e tonificados por uma atmosfera animada e encantada que nos
desperta e sustenta o sorriso, e desata a cabeça na furiosa perseguição a uma
das mais euforizantes galopadas sonoras testemunhadas em 2019. De consumo impróprio
para cardíacos.
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