sábado, 6 de julho de 2019

Review: ⚡ El Gran Temor - 'Lágrimas de Ácido' (2019) ⚡

Quase uma década depois do lançamento do seu álbum de estreia ‘Jugando Con La Muerte’ (Temor Records, 2010), o fabuloso power-trio chileno El Gran Temor presenteia agora todos os seus admiradores com a exibição do seu segundo e novo álbum ‘Lágrimas de Ácido’ (disponível para escuta integral através das mais variadas plataformas digitais). Há muito que me confesso um intratável apaixonado por bandas Rock contemporâneas que façam do pretérito o seu presente, e é nesse contexto que verto para o universo lírico tudo aquilo que a ressaca deste adorável registo em mim provocara. Fundamentado num empolgante, dinâmico, simétrico e inflamante Heavy Blues de ressonância e fragância sententista que se dilui num galopante, vigoroso, ostentoso e chamejante Hard Rock de feições vintage, este convincente ‘Lágrimas de Ácido’ equilibra-se por entre ritmadas, poderosas e destravadas cavalgadas que nos esporeiam e incendeiam de pura adrenalina, e mélicas baladas que nos suavizam, prendem e nebulizam num perfeito estádio de temulento encantamento. Contando ainda com (in)discretas aproximações aos domínios fronteiriços de um dançante, evolutivo, glorioso e contagiante Prog Rock de sentido revivalista – ostentando harmoniosas composições de complexidade quase orquestral – a marcante sonoridade deste tão ansiado novo trabalho do tridente localizado na cidade-capital de Santiago enverga toda uma entusiasmante, obscura, vulcânica e fumegante ardência capaz de persuadir, seduzir e arrebatar até o mais gélido dos ouvintes. Tendo como primordiais inspirações nomes da grandeza de uns exuberantes Jimi Hendrix Experience, uns titânicos Black Sabbath e uns carnavalescos Grand Funk Railroad, a provocante musicalidade deste segundo álbum de El Gran Temor é destilada de uma sumptuosa e imponente guitarra – condimentada e escaldada pelos efeitos Phaser e Fuzz – que se agiganta e balanceia em fibrosos, enigmáticos, luciféricos e montanhosos riffs, e se empolga e esperneia em lisérgicos, ácidos e alucinados solos, um murmurante baixo Pentragram’ico de mugidos ensombrados, densos, tensos e torneados, uma tocante e estimulante bateria de ritmicidade articulada, fluída, ligeira e desembaraçada, e ainda uma voz fresca, translúcida e jovial que lidera e legenda todo o espantoso esplendor deste inspirado regresso da formação chilena. ‘Lágrimas de Ácido’ é um disco sensacional, de presença incontornável para todos os apaixonados pelo velho e saudoso Blues Rock forjado e electrificado nas carismáticas décadas de 60 e 70.

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