Quase uma década depois do
lançamento do seu álbum de estreia ‘Jugando Con La Muerte’ (Temor
Records, 2010), o fabuloso power-trio chileno El Gran Temor presenteia
agora todos os seus admiradores com a exibição do seu segundo e novo álbum ‘Lágrimas
de Ácido’ (disponível para escuta integral através das mais variadas plataformas
digitais). Há muito que me confesso um intratável apaixonado por bandas Rock
contemporâneas que façam do pretérito o seu presente, e é nesse contexto que verto
para o universo lírico tudo aquilo que a ressaca deste adorável registo em mim
provocara. Fundamentado num empolgante, dinâmico, simétrico e inflamante Heavy
Blues de ressonância e fragância sententista que se dilui num galopante,
vigoroso, ostentoso e chamejante Hard Rock de feições vintage,
este convincente ‘Lágrimas de Ácido’ equilibra-se por entre ritmadas,
poderosas e destravadas cavalgadas que nos esporeiam e incendeiam de pura adrenalina,
e mélicas baladas que nos suavizam, prendem e nebulizam num perfeito estádio de
temulento encantamento. Contando ainda com (in)discretas aproximações aos
domínios fronteiriços de um dançante, evolutivo, glorioso e contagiante Prog
Rock de sentido revivalista – ostentando harmoniosas composições de
complexidade quase orquestral – a marcante sonoridade deste tão ansiado novo trabalho
do tridente localizado na cidade-capital de Santiago enverga toda uma
entusiasmante, obscura, vulcânica e fumegante ardência capaz de persuadir,
seduzir e arrebatar até o mais gélido dos ouvintes. Tendo como primordiais
inspirações nomes da grandeza de uns exuberantes Jimi Hendrix Experience,
uns titânicos Black Sabbath e uns carnavalescos Grand Funk Railroad,
a provocante musicalidade deste segundo álbum de El Gran Temor é
destilada de uma sumptuosa e imponente guitarra – condimentada e escaldada pelos
efeitos Phaser e Fuzz – que se agiganta e balanceia em fibrosos, enigmáticos,
luciféricos e montanhosos riffs, e se empolga e esperneia em lisérgicos,
ácidos e alucinados solos, um murmurante baixo Pentragram’ico
de mugidos ensombrados, densos, tensos e torneados, uma tocante e estimulante bateria
de ritmicidade articulada, fluída, ligeira e desembaraçada, e ainda uma voz
fresca, translúcida e jovial que lidera e legenda todo o espantoso esplendor
deste inspirado regresso da formação chilena. ‘Lágrimas de Ácido’
é um disco sensacional, de presença incontornável para todos os apaixonados pelo
velho e saudoso Blues Rock forjado e electrificado nas carismáticas décadas de 60 e 70.
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