Quatro anos depois do
lançamento do seu adorável álbum de estreia ‘Treasure Coast’ (review
aqui), o talentoso power-trio austríaco The Heavy Minds
presenteia-nos agora com o seu segundo trabalho de longa duração apelidado de ‘Second
Mind’ e devidamente promovido pelo selo discográfico local StoneFree
Records sob a forma física de CD e vinil (ambos os formatos reduzidos à
prensagem de poucas centenas de cópias existentes). E se no seu primeiro álbum
a banda primava por um majestoso Heavy Psych N’ Blues de desarmante e
apaixonante requinte revivalista, em ‘Second Mind’ não só vigora
essa mesma receita sonora já posta em prática no passado, como todo o disco é ainda
climatizado e bronzeado por um ardente, ritmado e irreverente Garage Rock
de influência apontada para a cena australiana de onde sobressaem
referências como King Gizzard & The Lizard Wizard, The Murlocs
ou ORB. A sua sonoridade efervescente, oleosa, fogosa e eloquente
causara em mim uma prazerosa comoção que me atiçara e empolara os sentidos do
primeiro ao derradeiro tema. São 43 minutos varridos por uma cáustica,
fervilhante e ácida avalanche de Fuzz que nos ofusca e deslumbra com
tremenda facilidade e ávida intensidade. De olhar semi-cerrado, sorriso
perpetuado no rosto e corpo serpenteante, obedeçam aos deliciosos, quentes, saturados
e voluptuosos riffs baforados por uma guitarra erótica, fibrosa e vulcânica
que de forma assídua se extravia e desvaria em alucinógenos solos temperados a
alta toxicidade, de cabeça pesada, nublada e bamboleante persigam as vigorosas,
torneadas, onduladas e ostentosas linhas de um baixo corpulento e vincado, de coração
destravado sintam-se esporeados por uma empolgante bateria de ritmicidade
descomplicada, dinâmica e desembaraçada, de lucidez distorcida e desmaiada
absorvam-se na exótica alquimia sulfatada por um mágico sintetizador que perscruta
e transmite os domínios alienígenas, e de alma empoeirada por uma espessa e narcotizante
bruma sideral intriguem-se com os vocais corrosivos, diabrinos e joviais que
apimentam e inflamam toda a boémia ambiência que envolve e revolve este dominante
‘Second Mind’. Admito que – dada a minha desmoderada veneração e
fascinação pelo ‘Treasure Coast’ – este se tratava de um dos
álbuns por mim mais ansiados do ano, e o mesmo acabou por me surpreender e conquistar
pela sua vibe portentosa, arrojada e calorosa. Este é um álbum cuja sua
temperatura catapulta o mercúrio, cabeceando os píncaros da escala que o regula.
Um registo detentor de uma sensualidade rebelde que instantaneamente nos magnetiza, extasia e alcooliza. Deixem-se arrebatar, incendiar e atiçar pela entusiasmante
vibração transpirada de ‘Second Mind’, e deleitem-se sem qualquer
moderação com o tão aguardado regresso de The Heavy Minds. Uma fumegante,
exótica e picante iguaria de origem austríaca que se perfila como forte
candidata aos mais elevados lugares referentes à listagem dos melhores álbuns
nascidos no presente ano de 2019.
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