domingo, 14 de julho de 2019

Review: ⚡ The Heavy Minds - 'Second Mind' (2019) ⚡

Quatro anos depois do lançamento do seu adorável álbum de estreia ‘Treasure Coast’ (review aqui), o talentoso power-trio austríaco The Heavy Minds presenteia-nos agora com o seu segundo trabalho de longa duração apelidado de ‘Second Mind’ e devidamente promovido pelo selo discográfico local StoneFree Records sob a forma física de CD e vinil (ambos os formatos reduzidos à prensagem de poucas centenas de cópias existentes). E se no seu primeiro álbum a banda primava por um majestoso Heavy Psych N’ Blues de desarmante e apaixonante requinte revivalista, em ‘Second Mind’ não só vigora essa mesma receita sonora já posta em prática no passado, como todo o disco é ainda climatizado e bronzeado por um ardente, ritmado e irreverente Garage Rock de influência apontada para a cena australiana de onde sobressaem referências como King Gizzard & The Lizard Wizard, The Murlocs ou ORB. A sua sonoridade efervescente, oleosa, fogosa e eloquente causara em mim uma prazerosa comoção que me atiçara e empolara os sentidos do primeiro ao derradeiro tema. São 43 minutos varridos por uma cáustica, fervilhante e ácida avalanche de Fuzz que nos ofusca e deslumbra com tremenda facilidade e ávida intensidade. De olhar semi-cerrado, sorriso perpetuado no rosto e corpo serpenteante, obedeçam aos deliciosos, quentes, saturados e voluptuosos riffs baforados por uma guitarra erótica, fibrosa e vulcânica que de forma assídua se extravia e desvaria em alucinógenos solos temperados a alta toxicidade, de cabeça pesada, nublada e bamboleante persigam as vigorosas, torneadas, onduladas e ostentosas linhas de um baixo corpulento e vincado, de coração destravado sintam-se esporeados por uma empolgante bateria de ritmicidade descomplicada, dinâmica e desembaraçada, de lucidez distorcida e desmaiada absorvam-se na exótica alquimia sulfatada por um mágico sintetizador que perscruta e transmite os domínios alienígenas, e de alma empoeirada por uma espessa e narcotizante bruma sideral intriguem-se com os vocais corrosivos, diabrinos e joviais que apimentam e inflamam toda a boémia ambiência que envolve e revolve este dominante ‘Second Mind’. Admito que – dada a minha desmoderada veneração e fascinação pelo ‘Treasure Coast’ – este se tratava de um dos álbuns por mim mais ansiados do ano, e o mesmo acabou por me surpreender e conquistar pela sua vibe portentosa, arrojada e calorosa. Este é um álbum cuja sua temperatura catapulta o mercúrio, cabeceando os píncaros da escala que o regula. Um registo detentor de uma sensualidade rebelde que instantaneamente nos magnetiza, extasia e alcooliza. Deixem-se arrebatar, incendiar e atiçar pela entusiasmante vibração transpirada de ‘Second Mind’, e deleitem-se sem qualquer moderação com o tão aguardado regresso de The Heavy Minds. Uma fumegante, exótica e picante iguaria de origem austríaca que se perfila como forte candidata aos mais elevados lugares referentes à listagem dos melhores álbuns nascidos no presente ano de 2019.

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