Formada por integrantes de
outras bandas Punk locais, Warp afirma-se como mais um valor seguro por
entre a profusa e emergente cena underground hasteada em Tel Aviv.
Morada de referências como Ouzo Bazooka, Turkish Delight, Heavy
Stone, J A V A e The Great Machine, a populosa cidade
israelita continua a cimentar e consagrar a sua posição dentro do panorama Rock universal,
e o recém-formado tridente Warp são prova disso mesmo. Nascido em solo
invernal e promovido sob a forma física de CD pela mão da conceituada editora
discográfica local Reality Rehab Records (numa edição ultra-limitada a
apenas 100 cópias disponíveis) e ainda em vinil através do carismático selo
germânico Nasoni Records (numa prensagem limitada a 300 cópias
existentes), este impactante álbum de estreia (e que estreia!) vem assombrado e
incendiado por um poderoso, obscuro, denso e nebuloso Heavy Psych de intrigantes
e aterradoras feições Doom’escas, locomovido e esporeado a
duas velocidades muito contrastadas e com ousadas mas bem resultadas
aproximações a um ostentoso, vigoroso, luciférico e cavernoso Heavy Blues
de aroma setentista. Contando ainda com uma (in)discreta influência do irreverente
Punk Rock na sua engrenagem rítmica, a ácida, implacável, intensa e
entusiástica fogosidade de ‘Warp’ balanceia-se por desenfreadas,
alucinantes e destravadas galopadas à rédea solta, e lentas, lisérgicas e lamacentas
exalações de elevada toxicidade. São cerca de 29 minutos completamente
saturados de uma vulcânica e selvática efervescência que nos sacode e implode sem
qualquer moderação. De maxilares cerrados, coração taquicardíaco, respiração
ofegante e cabeça rodopiante somos enfeitiçados e amaldiçoados pelas enigmáticas
danças Black Sabbath’icas manifestadas por uma tirânica e
monolítica guitarra de extravagantes, sombrios, perversos e hipnotizantes riffs
tomados e agastados pelo urticante efeito Fuzz e de onde são desprendidos, florescidos
e soberbamente conduzidos majestosos, ziguezagueantes, penetrantes e vertiginosos
solos, uma excitante, enérgica e atordoante bateria executada e desembaraçada a
alta rotação, um baixo pulsante, volumoso e pujante de bafagem (in)tensa,
fibrótica e magnetizante, e ainda uma gélida, ecoante, diabrina e azedada voz que
completa na perfeição todo este arrojado ritual de vocação e adoração
ocultista. É de alma integralmente vencida e curvada à sombra deste monstruoso
e dominante ‘Warp’ que me encontro logo após a sua audição. Deixem-se
envolver e afoguear pela febril ferocidade de Warp, e vivenciar com pleno
fascínio e redenção toda a durabilidade de um dos álbuns mais provocantes e empolgantes
lançados neste abastado ano musical de 2019. Um registo praticamente esboçado e
talhado à minha imagem, e que estará certa e firmemente empenhado por entre o
pelotão final nas últimas etapas do ataque ao tão almejado título de disco do
ano.
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