Quem me conhece
(pessoalmente ou unicamente através das palavras escritas no Blog) sabe
que não consigo medir toda a minha fascinação nutrida pelo Rock dos anos
70. E é sempre com um entusiasmo transbordante que testemunho bandas
contemporâneas evocar e avivar o espírito daquela que – aos meus ouvidos – se adjectiva
como a década dourada da música, fazendo assim do passado o seu presente e
futuro. Hoje trago como perfeito exemplo disso os norte-americanos Bison
Machine (naturais da cidade de Hamtramck, no estado do Michigan)
que lançarão amanhã o seu segundo álbum apelidado de ‘Seas of Titan’
e promovido sob a forma física de CD (pela mão do carismático selo discográfico
Small Stone Records sediado em Detroit) e vinil (repartido em três colorações,
reduzido a uma prensagem de apenas 500 unidades e que conta com uma parceria
editorial que coliga a editora norte-americana anteriormente visada à germânica
Kozmik Artifactz). De instrumentos escudados num pesado,
ousado, provocante e dançante Hard Rock de indiscreta tração setentista
e executado à boa moda de velhas referências como Cactus, Thin Lizzy
ou Captain Beyond, este poderoso e majestoso ‘Seas of Titan’
representa o tão ansiado regresso à produção discográfica (no que a trabalhos
de longa duração diz respeito) da banda depois de um jejum de quase cinco anos
de duração. E sendo eu um particular apreciador do seu álbum de estreia (‘Hoarfrost’,
2015), foi incendiado de um chamejante empolgamento que avancei para a escuta
integral deste seu novo registo, que – devo antecipar – me descosera as largas e
espaçadas medidas da minha expectativa a ele previamente apontadas. De rédeas firmemente
empunhadas, narinas arfantes e dilatadas, e esporas ensanguentadas, este pujante
quarteto arranca numa desenfreada, quente, atraente e oleada galopada –
superiormente controlada e ritmada – que prontamente nos acelera o ritmo cardíaco,
desprende e rodopia a cabeça, e aclimata a alma de uma branda e envolvente euforia.
A sua sonoridade combina na perfeição a ardente, dinâmica e consistente robustez
com a apaladada, erótica e desembaraçada leveza, capitaneando e movendo ‘Seas
of Titan’ num admirável equilíbrio de forças que não deixará nenhum dos
ouvintes recostado à indiferença. E é completamente absorvido e ofuscado por um
extasiante deslumbramento que vivencio toda a simétrica elegância de duas
guitarras colossais que tanto se entrelaçam na formação e orientação de faustosos,
flexíveis, torneados e alterosos Riffs desdobrados e carburados a duas velocidades contrastadas,
como se desenlaçam na orgiástica exteriorização de serpenteantes, ácidos,
delirados e ululantes solos, a intensa reverberação bafejada de um baixo
motorizado e balanceado a linhas oscilantes, vigorosas, volumosas e
hipnotizantes, a acrobática e feérica impetuosidade de uma excitante bateria conduzida
a estonteante celeridade e contundente virilidade, e ainda a avinagrada acidez
de uma voz ecoante, espectral, glacial e fecundante que se passeia e formoseia
com notável e venerável presença pelos revoltosos mares de ‘Seas of Titan’.
É-me ainda importante expandir as palavras elogiosas até aos domínios do fabuloso
artwork – concebido pelo muito conceituado ilustrador californiano Alan Forbes – que, com imaculada exactidão, transladara para o universo visual tudo
o que a principesca, bélica e romanesca sonoridade de Bison Machine edifica
no imaginário do ouvinte. Este é um álbum titânico, detentor de uma beleza e
destreza imperiais, que me faz reverenciá-lo sem qualquer inibição e nomeá-lo
como um dos mais impactantes registos lançados até ao momento em 2019. Vai ser
fácil reconhecê-lo por entre os mais medalhados discos que se perfilarão na lista dos melhores
álbuns nascidos no presente ano.
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