quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Review: ⚡ Bison Machine - 'Seas of Titan' (2019) ⚡

Quem me conhece (pessoalmente ou unicamente através das palavras escritas no Blog) sabe que não consigo medir toda a minha fascinação nutrida pelo Rock dos anos 70. E é sempre com um entusiasmo transbordante que testemunho bandas contemporâneas evocar e avivar o espírito daquela que – aos meus ouvidos – se adjectiva como a década dourada da música, fazendo assim do passado o seu presente e futuro. Hoje trago como perfeito exemplo disso os norte-americanos Bison Machine (naturais da cidade de Hamtramck, no estado do Michigan) que lançarão amanhã o seu segundo álbum apelidado de ‘Seas of Titan’ e promovido sob a forma física de CD (pela mão do carismático selo discográfico Small Stone Records sediado em Detroit) e vinil (repartido em três colorações, reduzido a uma prensagem de apenas 500 unidades e que conta com uma parceria editorial que coliga a editora norte-americana anteriormente visada à germânica Kozmik Artifactz). De instrumentos escudados num pesado, ousado, provocante e dançante Hard Rock de indiscreta tração setentista e executado à boa moda de velhas referências como Cactus, Thin Lizzy ou Captain Beyond, este poderoso e majestoso ‘Seas of Titan’ representa o tão ansiado regresso à produção discográfica (no que a trabalhos de longa duração diz respeito) da banda depois de um jejum de quase cinco anos de duração. E sendo eu um particular apreciador do seu álbum de estreia (‘Hoarfrost’, 2015), foi incendiado de um chamejante empolgamento que avancei para a escuta integral deste seu novo registo, que – devo antecipar – me descosera as largas e espaçadas medidas da minha expectativa a ele previamente apontadas. De rédeas firmemente empunhadas, narinas arfantes e dilatadas, e esporas ensanguentadas, este pujante quarteto arranca numa desenfreada, quente, atraente e oleada galopada – superiormente controlada e ritmada – que prontamente nos acelera o ritmo cardíaco, desprende e rodopia a cabeça, e aclimata a alma de uma branda e envolvente euforia. A sua sonoridade combina na perfeição a ardente, dinâmica e consistente robustez com a apaladada, erótica e desembaraçada leveza, capitaneando e movendo ‘Seas of Titan’ num admirável equilíbrio de forças que não deixará nenhum dos ouvintes recostado à indiferença. E é completamente absorvido e ofuscado por um extasiante deslumbramento que vivencio toda a simétrica elegância de duas guitarras colossais que tanto se entrelaçam na formação e orientação de faustosos, flexíveis, torneados e alterosos Riffs desdobrados e carburados a duas velocidades contrastadas, como se desenlaçam na orgiástica exteriorização de serpenteantes, ácidos, delirados e ululantes solos, a intensa reverberação bafejada de um baixo motorizado e balanceado a linhas oscilantes, vigorosas, volumosas e hipnotizantes, a acrobática e feérica impetuosidade de uma excitante bateria conduzida a estonteante celeridade e contundente virilidade, e ainda a avinagrada acidez de uma voz ecoante, espectral, glacial e fecundante que se passeia e formoseia com notável e venerável presença pelos revoltosos mares de ‘Seas of Titan’. É-me ainda importante expandir as palavras elogiosas até aos domínios do fabuloso artwork – concebido pelo muito conceituado ilustrador californiano Alan Forbes – que, com imaculada exactidão, transladara para o universo visual tudo o que a principesca, bélica e romanesca sonoridade de Bison Machine edifica no imaginário do ouvinte. Este é um álbum titânico, detentor de uma beleza e destreza imperiais, que me faz reverenciá-lo sem qualquer inibição e nomeá-lo como um dos mais impactantes registos lançados até ao momento em 2019. Vai ser fácil reconhecê-lo por entre os mais medalhados discos que se perfilarão na lista dos melhores álbuns nascidos no presente ano.

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