quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Review: ⚡ Buried Feather - 'Cloudberry Dreamshake' (2019) ⚡

Da insuspeita cidade costeira de Melbourne (lar de tantas e tantas bandas consagradas que ornamentam a já emblemática cena australiana) chega-nos o terceiro e novo álbum do tridente australiano Buried Feather designado de ‘Cloudberry Dreamshake’ e oficialmente lançado no passado dia 12 de Setembro sob a forma digital através da sua página de Bandcamp, bem como em formato físico de vinil (trifurcado em diferentes e ultra-limitadas edições) através do selo discográfico germânico Kozmik Artifactz e da editora local Cobra Snake Necktie Records. De instrumentos apontados a um imersivo, hipnótico e lenitivo Krautrock de ritmicidade Drone que orbita numa detida dança gravitacional com um sidérico, lisérgico e outonal Psychedelic Rock de traje sessentista, a onírica sonoridade de ‘Cloudberry Dreamshake’ passeia-se dos meditativos céus de uns clássicos Can aos viscosos e musgosos pântanos dos contemporâneos Dead Meadow. De pálpebras semicerradas, olhar insensibilizado, tronco serpenteante e cabeça pesadamente balanceada de ombro a ombro, embalamos numa profunda hipnose que nos embacia a lucidez e banha de embriaguez. Na composição de toda esta densa e psicotrópica nebulosidade estelar encontra-se uma esfíngica guitarra fervilhada em efeito Fuzz que se envaidece e enlouquece em arábicas danças de onde sobressaem adornados, provocantes e sublimados solos de uma beleza e pureza celestial, uma sonhadora e purificante voz de tez ecoante, terna, etérea e transparente, um murmurante baixo de linhas oscilantes, melodiosas, suaves e magnetizantes, uma bateria balsâmica de toque cintilante, delicado, cuidado e tranquilizante, e ainda um mágico sintetizador que – com o seu inventivo experimentalismo – sonda as lamúrias dos astros e borrifa toda a encantadora atmosfera sonora de uma edénica, perfumada e mística alquimia. O fantástico artwork detalhadamente delineado e colorido a profusa e difusa exuberância pertence ao talentoso artista norte-americano Brian Blomerth. Este ‘Cloudberry Dreamshake’ é um ofuscante e apaixonante álbum de beatitude lapidar que nos faz desaguar e atracar num nirvânico estádio de glória sensorial. Deixem-se embevecer e transcender pela sua imensa mansidão, e sintam-se perecer num súbito desmaio de prazer que vos sepultará nos mais penetrantes solos do universo sonial. É demasiado fácil testemunhar o adormecimento dos sentidos e o consolo da alma num perfeito oásis espiritual. Dissolvam-se neste poderoso sedativo via auditivo, e flutuem pela plácida e flácida ondulação de Buried Feather. Embarquem nesta febril narcose sem regresso garantido.

Sem comentários: