Da metrópole Dallas (Texas,
EUA) vem a mélica, aromática e pastoril brisa sonora bafejada pelo venerável
EP de estreia (e que estreia) do fresco quinteto Land Mammal. Desenraizado
e florescido em território primaveril, e promovido única e exclusivamente em formato
digital, este arejado, perfumado e desmesuradamente aprazível registo de
designação homónima traz-nos a charmosa lubricidade de um provocante, afrodisíaco,
opulento e dançante Blues-Rock aliada à deslumbrante graciosidade de um ensolarado,
afável, estimável e melificado Psychedelic Rock de essência revivalista
que se confunde com a boa disposição de um jovial e contagiante Psych Pop
firmado nos britânicos anos 60. A sua extasiante sonoridade é sobrevoada,
temperada e climatizada por uma arrebatadora ambiência campesina que nos
enternece e embevece os sentidos. De pálpebras desmaiadas, narinas dilatadas,
sorriso talhado no rosto e alma embrulhada numa imperturbável sensação de pleno
bem-estar somos embalados e namorados pelos quatro temas que se conjugam entre
si numa ataráxica e desarmante harmonia capaz de nos fazer salivar os ouvidos.
São 15 minutos saturados de uma resplandecente melosidade e deliciosa maviosidade
cuidadosamente cozinhadas por uma sedosa, simpática, doce e formosa voz (de vistosas
aproximações a um saudoso Shannon Hoon, carismático vocalista dos
norte-americanos Blind Melon), uma garbosa guitarra wah-wah de
inspiração Jimi Hendrix’eana que se pompeia e afogueia em envolventes,
descontraídos, requintados e eloquentes acordes de onde espreitam e desnudam tímidos,
efémeros, borbulhantes e imensamente delirantes solos, um pulsante, magnético e
serpenteante baixo de linhas fluídas, onduladas, viçosas e espaçadas, uma relaxada
bateria de toque chamejante, apurado, desembaraçado e cativante, e um sofisticado
teclado que – em encantadora parceria com um mágico sintetizador – orvalha todas
as verdejantes planícies de ‘Land Mammal’ com um aliciante misticismo.
A vistosa portada que confere rosto a este paradisíaco EP tem o fácil e
imediatamente reconhecido toque artístico do já afamado ilustrador RobinGnista. Este é um registo deveras apaixonante que apenas peca pela sua
curta duração. Uma apaladada, estupenda e inspirada produção de estreia do
jovem quinteto Land Mammal que não só tem legitimas aspirações de alcançar
as mais elevadas e consequentemente elogiadas posições na lista onde se
perfilam os melhores EP’s do ano, como aponta a um futuro muito risonho
de uma banda que – espero eu – veio para ficar.
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