Da cidade de Denver (a mais populosa e capital do estado norte-americano do Colorado)
chega-nos o tão ansiado primeiro álbum do enérgico (e por mim muito apreciado) quarteto Love Gang.
Formados em 2015 e com um modesto curriculum vitae onde apenas constam um EP
(2016) e um Split (2019) produzido na adorável companhia dos texanos Smokey
Mirror, estes quatro jovens dotados das melhores inspirações presenteiam agora todos os seus seguidores com
um registo digno das suas admiráveis capacidades de instrumentos empunhados.
Lançado muito recentemente em formato digital através das mais variadas
plataformas e numa ultra-limitada edição em vinil de aparência caramelizada (apenas 300
cópias físicas disponíveis e com entrega agendada para o início do próximo mês de Outubro) através do seu próprio selo discográfico Colfax
Records, este empolgante e impactante ‘Dead Man's Game’ vem assombrado e infestado por um serpenteante, viçoso, harmonioso e extravagante Heavy Prog, um poderoso,
dinâmico, ardente e ostentoso Hard Rock (que discretamente se
metamorfoseia num tradicional Heavy Metal à boa moda dos britânicos 80’s)
e ainda um intrigante, obscuro, ritualístico e magnetizante Proto-Metal de reverente ambiência ocultista. A sua clássica e carismática musicalidade fielmente trazida do sagrado território
setentista – e de onde são evocados e conjugados consagradas referências como Atomic
Rooster, Edgar Broughton Band, Birth Control, Blue Cheer
e Jethro Tull – detona na nossa direcção toda uma frenética cavalaria
pesada que – à rédea solta, esporas ensanguentadas e corrida tonitruante – nos atesta, agride e contagia de
uma intensa e fervilhante adrenalina sem qualquer esmorecimento à vista. De
pupilas dilatadas, maxilares cerrados, fôlego arquejado, coração em alvoroço e
cabelos esvoaçantes em incessante perseguição a uma cabeça rodopiante, somos
contagiados e irrigados pela vibrante, viril e potente exuberância detonada pelos
Love Gang. De motores rumorosos e fumegantes, punho firmado no volante e
um forte odor a borracha queimada no asfalto, este quarteto norte-americano
arranca para uma furiosa, portentosa e estonteante galopada motivada por uma extraordinária
guitarra de majestosos, velozes, lascivos e imperiosos Riffs distorcidos
e atropelados por ácidos, trepidantes, intoxicantes e delirados solos, um imponente
baixo de possante, ensombrada, tonificada e murmurante reverberação, uma impulsiva
e infatigável bateria que se afogueia a trote de uma ritmicidade instigante, vertiginosa,
estrondosa e galopante, uma voz incandescente, ríspida, áspera e mordente, e um
litúrgico e enigmático teclado que – em alternância de protagonismo com uma bizarra
e serpenteante flauta à boa moda de Ian Anderson e ainda um aveludado,
erótico e exaltado saxofone – se enfatiza e eterniza com os seus arrepiantes,
hipnóticos, exóticos e elegantes bailados. ‘Dead Man’s Game’ é um
álbum inesgotavelmente electrizante que provoca no ouvinte toda uma borbulhante,
tumultuosa e efervescente erupção de prazer. Uma apimentada e condimentada receita sonora
que conta com os ingredientes certos usados na medida certa. Já tinha saudades
de uma cavalgada desta magnitude. Este é indubitavelmente um dos meus discos
favoritos de 2019. Incendeiem-se e revoltem-se nele.
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