Depois de no início do
passado ano de 2018 ter referenciado, desconstruído e elogiado o auspicioso álbum
de estreia ‘Path of Virtue’ (Review aqui) do
quinteto germânico Vvlva, regresso agora – de expectativas largamente
excedidas – com uma reverente dissertação acerca do seu segundo álbum ‘Silhouettes’,
que tem o seu lançamento oficial sob a forma física de CD e vinil (este último disponível em duas edições de coloração contrastada) agendado para
o próximo dia 18 de Outubro pela mão da influente editora discográfica alemã World
in Sound. Governado por um poderoso, principesco, romanesco e harmonioso Heavy
Prog de fragância, pendor e elegância revivalista – orientado e abençoado
por célebres referências como Atomic Rooster, Deep Purple, Camel
e Wishbone Ash – este ‘Silhouettes’ deixara-me completamente boquiaberto com a qualidade, simetria e maviosidade das suas opulentas composições. Alicerçado
numa luxuosa, virtuosa e aparatosa sonoridade – pensada, executada e ornamentada
a maestria, capricho e ousadia – este novo trabalho de Vvlva
assombrara-me, cativara-me e extasiara-me do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 43
minutos farolizados por uma sagacidade reinante e contagiante que me deixara
completamente deslumbrado. ‘Silhouettes’ é orquestrado numa fluída
alternância entre contemplativas, sublimes e lenitivas passagens que nos
recostam a um pleno estádio de fascinada e embriagada inércia, e intensos momentos
de uma euforizante, atordoante e carnavalesca selvajaria que nos sacode numa
prazerosa ebulição. Superiormente nutrido e conduzido por um exuberante, melodioso,
ostentoso e dançante teclado de misticidade litúrgica e aparatosos bailados a
fazerem recordar o singular Vincent Crane (inventivo teclista de Atomic
Rooster), uma guitarra majestosa que se ensoberbece e embevece em
comoventes, sumptuosos, melosos e ardentes acordes de onde florescem e
enlouquecem mirabolantes, labirínticos, magnânimos e berrantes solos soberbamente
talhados e detalhados a uma desarmante beleza e destreza lapidar, um baixo
pulsante, hipnótico e ondulante que se passeia e formoseia com graciosa
distinção, uma bateria circense de talentosas, provocantes e vistosas acrobacias
que na sua instintiva perseguição nos fazem contorcer e endoidecer a cabeça, e ainda
por uma refrescante, jovial, cordial e incitante voz – apoiada e aureolada por
um populoso e luminoso coro vocal – este ‘Silhouettes’ é um
registo que – aos meus ouvidos – resvala na perfeição. De enlevar ainda o novelesco
artwork – ilustrado pela artista Lena Richter – que empresta toda
uma misticidade extra a este renovado, mas diferenciado, álbum de Vvlva.
Testemunhem toda uma surpreendente simbiose onde todos os instrumentos se
destacam com autoridade, dialogando entre si com uma tenacidade, subtileza e
expressividade foras de série. Seguramente um dos mais notáveis álbuns de 2019
está aqui, na entusiasmante e vibrante eloquência transpirada pelo irretocável
e inatacável ‘Silhouettes’. Que disco!
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ World in Sound
➥ Bandcamp
➥ World in Sound
Sem comentários:
Enviar um comentário