terça-feira, 1 de outubro de 2019

Review: ⚡ Vvlva - 'Silhouettes' (2019) ⚡

Depois de no início do passado ano de 2018 ter referenciado, desconstruído e elogiado o auspicioso álbum de estreia ‘Path of Virtue’ (Review aqui) do quinteto germânico Vvlva, regresso agora – de expectativas largamente excedidas – com uma reverente dissertação acerca do seu segundo álbum ‘Silhouettes’, que tem o seu lançamento oficial sob a forma física de CD e vinil (este último disponível em duas edições de coloração contrastada) agendado para o próximo dia 18 de Outubro pela mão da influente editora discográfica alemã World in Sound. Governado por um poderoso, principesco, romanesco e harmonioso Heavy Prog de fragância, pendor e elegância revivalista – orientado e abençoado por célebres referências como Atomic Rooster, Deep Purple, Camel e Wishbone Ash – este ‘Silhouettes’ deixara-me completamente boquiaberto com a qualidade, simetria e maviosidade das suas opulentas composições. Alicerçado numa luxuosa, virtuosa e aparatosa sonoridade – pensada, executada e ornamentada a maestria, capricho e ousadia – este novo trabalho de Vvlva assombrara-me, cativara-me e extasiara-me do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 43 minutos farolizados por uma sagacidade reinante e contagiante que me deixara completamente deslumbrado. ‘Silhouettes’ é orquestrado numa fluída alternância entre contemplativas, sublimes e lenitivas passagens que nos recostam a um pleno estádio de fascinada e embriagada inércia, e intensos momentos de uma euforizante, atordoante e carnavalesca selvajaria que nos sacode numa prazerosa ebulição. Superiormente nutrido e conduzido por um exuberante, melodioso, ostentoso e dançante teclado de misticidade litúrgica e aparatosos bailados a fazerem recordar o singular Vincent Crane (inventivo teclista de Atomic Rooster), uma guitarra majestosa que se ensoberbece e embevece em comoventes, sumptuosos, melosos e ardentes acordes de onde florescem e enlouquecem mirabolantes, labirínticos, magnânimos e berrantes solos soberbamente talhados e detalhados a uma desarmante beleza e destreza lapidar, um baixo pulsante, hipnótico e ondulante que se passeia e formoseia com graciosa distinção, uma bateria circense de talentosas, provocantes e vistosas acrobacias que na sua instintiva perseguição nos fazem contorcer e endoidecer a cabeça, e ainda por uma refrescante, jovial, cordial e incitante voz – apoiada e aureolada por um populoso e luminoso coro vocal – este ‘Silhouettes’ é um registo que – aos meus ouvidos – resvala na perfeição. De enlevar ainda o novelesco artwork – ilustrado pela artista Lena Richter – que empresta toda uma misticidade extra a este renovado, mas diferenciado, álbum de Vvlva. Testemunhem toda uma surpreendente simbiose onde todos os instrumentos se destacam com autoridade, dialogando entre si com uma tenacidade, subtileza e expressividade foras de série. Seguramente um dos mais notáveis álbuns de 2019 está aqui, na entusiasmante e vibrante eloquência transpirada pelo irretocável e inatacável ‘Silhouettes’. Que disco!

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