quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Review: ⚡ Cholo Visceral - ‘Live at Woodstaco’ (2019) ⚡

Gravado ao vivo na passada edição de 2018 do afamado festival chileno Woodstaco, o registo ‘Live at Woodstaco’ produzido e conduzido pelos peruanos Cholo Visceral conhece agora a luz do dia com o seu lançamento oficial tanto em formato digital através da plataforma Bandcamp como também na forma física de vinil (este reduzido a uma prensagem ultra-limitada de apenas 200 cópias existentes) pela mão do produtivo selo discográfico Necio Records. Levando a palco todos os temas pertencentes ao seu homónimo álbum de estreia (lançado em 2013), este adorável colectivo sediado na cidade-capital de Lima aguçara o apetite de todos os presentes com o seu serpenteante, arábico, erótico e extravagante Progressive Rock de inspiração Jethro Tull’esca aliado a um fascinante, místico, edénico e viajante Psychedelic Rock de encanto mântrico que de forma ousada e fluída se aproxima de um refrescante, dançante e tropical Funk. A sua sonoridade revivalista, romanesca, ritualista e epopeica – rendilhada e aromatizada a uma ambiência verdadeiramente enfeitiçante – tem o dom de nos maravilhar, embevecer e sobrevoar pelos purpúreos céus da velha Pérsia. Emoldurado pelo vibrante e vivificante entusiasmo transpirado pelo público presente, ‘Live at Woodstaco’ simboliza toda uma faustosa, endeusada e gloriosa digressão pelos aveludados, contemplativos e bronzeados desertos sauditas. São 36 minutos – que balizam os quatro temas desdobrados em palco – integralmente condimentados, fervidos e climatizados por uma magnetizante, sublimada e embriagante aura que nos faz desejar ter estado de corpo presente no festival Woodstaco e sentidos hasteados, convertidos e levados ao sabor de Cholo Visceral. Diluam-se nas profundezas desta ofuscante simbiose instrumental à boleia de uma guitarra xamânica que se manifesta em acordes sumptuosos e virtuosos solos, um baixo orgânico e diligente de bafagem densa, ondulada e ardente, uma estimulante bateria de sensibilidade, perícia e vaidade jazzísticas, um mágico sintetizador de misteriosos e glamorosos efeitos espaciais, e ainda uma sensual flauta transversal de extravagantes, luxuosos, aparatosos e provocantes bailados que prontamente nos remetem ao icónico Ian Anderson (líder dos históricos Jethro Tull). É-me ainda essencial distender o elogio ao portentoso artwork – superiormente ilustrado pelo artista latino Rodrigo Mori Franco – que confere toda uma ambiência simultaneamente tribal e astral a este apaixonante registo ao vivo. ‘Live at Woodstaco’ prende e ostenta na perfeição toda a imersiva sedução doutrinada por estes druidas nativos do Perú. Empoderem-se nele.

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