Gravado ao vivo na passada edição
de 2018 do afamado festival chileno Woodstaco, o registo ‘Live at
Woodstaco’ produzido e conduzido pelos peruanos Cholo Visceral conhece
agora a luz do dia com o seu lançamento oficial tanto em formato digital
através da plataforma Bandcamp como também na forma física de vinil (este
reduzido a uma prensagem ultra-limitada de apenas 200 cópias existentes) pela
mão do produtivo selo discográfico Necio Records. Levando a palco todos
os temas pertencentes ao seu homónimo álbum de estreia (lançado em 2013), este adorável
colectivo sediado na cidade-capital de Lima aguçara o apetite de todos
os presentes com o seu serpenteante, arábico, erótico e extravagante Progressive
Rock de inspiração Jethro Tull’esca aliado a um fascinante,
místico, edénico e viajante Psychedelic Rock de encanto mântrico que de
forma ousada e fluída se aproxima de um refrescante, dançante e tropical Funk.
A sua sonoridade revivalista, romanesca, ritualista e epopeica – rendilhada e aromatizada
a uma ambiência verdadeiramente enfeitiçante – tem o dom de nos maravilhar,
embevecer e sobrevoar pelos purpúreos céus da velha Pérsia. Emoldurado pelo vibrante e vivificante
entusiasmo transpirado pelo público presente, ‘Live at Woodstaco’
simboliza toda uma faustosa, endeusada e gloriosa digressão pelos aveludados,
contemplativos e bronzeados desertos sauditas. São 36 minutos – que balizam os
quatro temas desdobrados em palco – integralmente condimentados, fervidos e
climatizados por uma magnetizante, sublimada e embriagante aura que nos faz
desejar ter estado de corpo presente no festival Woodstaco e sentidos hasteados,
convertidos e levados ao sabor de Cholo Visceral. Diluam-se nas
profundezas desta ofuscante simbiose instrumental à boleia de uma guitarra xamânica
que se manifesta em acordes sumptuosos e virtuosos solos, um baixo orgânico e diligente
de bafagem densa, ondulada e ardente, uma estimulante bateria de sensibilidade,
perícia e vaidade jazzísticas, um mágico sintetizador de misteriosos e
glamorosos efeitos espaciais, e ainda uma sensual flauta transversal de extravagantes,
luxuosos, aparatosos e provocantes bailados que prontamente nos remetem ao icónico
Ian Anderson (líder dos históricos Jethro Tull). É-me ainda
essencial distender o elogio ao portentoso artwork – superiormente ilustrado
pelo artista latino Rodrigo Mori Franco – que confere toda uma ambiência
simultaneamente tribal e astral a este apaixonante registo ao vivo. ‘Live
at Woodstaco’ prende e ostenta na perfeição toda a imersiva sedução
doutrinada por estes druidas nativos do Perú. Empoderem-se nele.
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