terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Review: ⚡ OKO - 'Haze' EP (2019) ⚡

Da cidade costeira de Adelaide (situada na Austrália) – habitat natural de bandas como Jungle City e Stone Eyes – chega-nos o maravilhoso EP de estreia do jovem power-trio instrumental OKO. Intitulado de ‘Haze’ e oficialmente lançado no final do passado mês de Novembro através das mais variadas plataformas digitais, este irresistível registo de curta duração prende um deslumbrante, perfumado, ensolarado e extasiante Psychedelic Rock de bafagem veraneia e luminância diamantina que – de forma fluida, demorada e discreta – se desenvolve e revolve num flamejante, açucarado, inebriado e provocante Heavy Psych chamejando e atestado de endorfina. A sua sonoridade imensamente mística e paradisíaca – alicerçada numa evolutiva, ataráxica e criativa jam de simetria, textura e melosidade a fazer lembrar os afamados germânicos Colour Haze – provoca no ouvinte toda uma meditativa, lenitiva e prazerosa levitação que o eteriza e magnetiza na direcção de um imperturbável transe espiritual. De olhar semi-cerrado, sorriso perpetuado no rosto e alma intensamente arrebatada somos embalados e narcotizados pelas afagantes, oceânicas e apaziguantes brisas sonoras de OKO, que – de forma delicada e progressiva – se encaminham para um vulcânico clímax capaz de nos eclodir numa expressiva erupção de pura euforia. São 15 minutos integralmente climatizados e bronzeados por uma fascinante e desarmante maviosidade brilhantemente dedilhada por uma sedutora guitarra de maravilhosos, enternecedores e harmoniosos acordes tingidos a lisergia e de onde florescem envolventes, ofuscantes e edénicos solos de beleza ímpar, densamente sombreada por um baixo viril de linhas desenhadas e curvadas a robustez, exuberância e lubricidade, e incessantemente tiquetaqueada por uma estimulante bateria que combina a sensibilidade com a impetuosidade e a tranquilidade com a ferocidade. De enaltecer ainda o esfíngico artwork de natureza minimalista, mas imensamente ritualista e devocional – concebido pelo ilustrador e guitarrista da banda Nick Nancarrow – que transpusera para o campo visual toda a desértica e profética digressão que este EP faroliza no imaginário do ouvinte. ‘Haze’ é um registo verdadeiramente afrodisíaco que me absorvera e comovera sem qualquer inibição. Um trabalho banhado a uma magistral e estival sublimidade que me namorara e instigara a apontá-lo como um dos mais impactantes EP’s brotados no fértil solo de 2019. Agora, destes australianos espero que num futuro muito próximo com o lançamento de um registo de longa duração possam estancar esta minha ininterrupta salivação por eles causada.

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