Da cidade costeira de Adelaide
(situada na Austrália) – habitat natural de bandas como Jungle City
e Stone Eyes – chega-nos o maravilhoso EP de estreia do jovem power-trio
instrumental OKO. Intitulado de ‘Haze’ e oficialmente
lançado no final do passado mês de Novembro através das mais variadas
plataformas digitais, este irresistível registo de curta duração prende um deslumbrante,
perfumado, ensolarado e extasiante Psychedelic Rock de bafagem veraneia e
luminância diamantina que – de forma fluida, demorada e discreta – se
desenvolve e revolve num flamejante, açucarado, inebriado e provocante Heavy
Psych chamejando e atestado de endorfina. A sua sonoridade imensamente
mística e paradisíaca – alicerçada numa evolutiva, ataráxica e criativa jam
de simetria, textura e melosidade a fazer lembrar os afamados germânicos Colour
Haze – provoca no ouvinte toda uma meditativa, lenitiva e prazerosa levitação que o
eteriza e magnetiza na direcção de um imperturbável transe espiritual. De olhar
semi-cerrado, sorriso perpetuado no rosto e alma intensamente arrebatada somos
embalados e narcotizados pelas afagantes, oceânicas e apaziguantes brisas
sonoras de OKO, que – de forma delicada e progressiva – se encaminham
para um vulcânico clímax capaz de nos eclodir numa expressiva erupção de pura
euforia. São 15 minutos integralmente climatizados e bronzeados por uma
fascinante e desarmante maviosidade brilhantemente dedilhada por uma sedutora
guitarra de maravilhosos, enternecedores e harmoniosos acordes tingidos a
lisergia e de onde florescem envolventes, ofuscantes e edénicos solos de beleza
ímpar, densamente sombreada por um baixo viril de linhas desenhadas e curvadas
a robustez, exuberância e lubricidade, e incessantemente tiquetaqueada por uma
estimulante bateria que combina a sensibilidade com a impetuosidade e a
tranquilidade com a ferocidade. De enaltecer ainda o esfíngico artwork
de natureza minimalista, mas imensamente ritualista e devocional – concebido
pelo ilustrador e guitarrista da banda Nick Nancarrow – que transpusera
para o campo visual toda a desértica e profética digressão que este EP
faroliza no imaginário do ouvinte. ‘Haze’ é um registo verdadeiramente
afrodisíaco que me absorvera e comovera sem qualquer inibição. Um trabalho
banhado a uma magistral e estival sublimidade que me namorara e instigara a
apontá-lo como um dos mais impactantes EP’s brotados no fértil solo de
2019. Agora, destes australianos espero que num futuro muito próximo com o
lançamento de um registo de longa duração possam estancar esta minha ininterrupta
salivação por eles causada.
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