Depois de já no distante ano
de 2015 terem apresentado o seu álbum de estreia ‘Black Soul’, os
germânicos Visdom – sediados na cidade de Mainz – lançam agora o
seu incrível sucessor apelidado de ‘White Heart’ e formatado
tanto em digital como vinil. Baseado num enérgico e renhido braço de ferro
entre um musculado, harmonioso, ostentoso e torneado Heavy Blues de
aroma revivalista e um poderoso, imponente, dinâmico e fogoso Heavy Rock
de tração setentista que discretamente se aproxima dos territórios de um
majestoso, galopante e imperioso Heavy Metal de raiz e cariz tradicionalista,
este ‘White Heart’ equilibra-se por entre uma arrebatadora e
sedutora melosidade que nos recolhe as pálpebras e esculpe um sorriso no rosto,
e uma desarmante, vibrante e empolgante ferocidade que nos pontapeia o ritmo
cardíaco e destrava violentamente a cabeça na sua alucinante perseguição. De
inspirações apontadas aos clássicos britânicos Wishbone Ash, Black Sabbath, Deep
Purple e aos contemporâneos suecos Graveyard, a requintada, melódica e fibrada
sonoridade deste talentoso colectivo alemão expressa-se de uma tal forma
exuberante, emocionante e eloquente, que me cativara e empolgara do primeiro ao
derradeiro tema. São 29 minutos inteiramente apimentados, chamejados e
norteados por uma fineza, nobreza e simetria consumadas que nos aguçam e
empolam os sentidos, e revestem a alma de uma pesada e profunda fascinação.
Superiormente pensado e executado por duas primorosas guitarras gémeas que se agigantam
e embevecem em apaixonantes, grandiosos, caprichosos e triunfantes Riffs
que imediatamente nos remetem para fabulosas narrativas trazidas da idade média, e se
entrançam e envaidecem em dialogantes, excêntricos, aristocráticos e serpenteantes
solos de beleza e destreza sublimes, um sombreado baixo balanceado a linhas volumosas,
espessas, ondeantes e rumorosas, um litúrgico e carismático teclado Jon
Lord’eano de extravagantes, pomposos e gloriosos bailados, uma cavalgante,
combativa e incessante bateria locomovida a sensibilidade, sagacidade, avidez e
tecnicidade, e ainda por uma erótica voz de tonalidade oleosa, calorosa, áspera
e melodiosa que se incendeia e formoseia de forma livre e graciosa por toda a
atmosfera deste estupendo álbum, ‘White Heart’ adjectiva-se como
um registo inteiramente lavrado à minha imagem, que apenas peca pela sua curta
duração. Todos os ingredientes sonoros são colocados no tempo e porção certos.
Deixem-se intrigar, enamorar e euforizar pela vulcânica lubricidade hasteada
pelos Visdom, e experienciem com destravada, intensa e emocionada extroversão
todo o vistoso e portentoso esplendor de um álbum irretocável, que figurará seguramente
por entre os mais elogiados e premiados registos nascidos no presente ano de
2019.
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