Da cidade alemã de Mannheim
chega-nos o recém-lançado EP de estreia produzido pelo muito auspicioso power-trio
Isles of Mars. De designação homónima e devidamente promovido numa
limitada edição autoral em formato físico de vinil (apenas 200 cópias disponíveis
para venda), ‘Isles of Mars’ vem nutrido, acolchoado e
robustecido por um musculado, poderoso, grandioso e oleado Heavy Rock de
estirpe setentista que tanto se aventura pelos poeirentos domínios de um electrizante,
charmoso, presunçoso e provocante Heavy Blues, como se bronzeia e
esperneia nas ensolaradas praias de um delirante, perfumado, tranquilizante e
arrebatado Psychedelic Rock. Fundamentada numa diamantina luminância
revivalista – de onde facilmente se reconhece e saboreia uma adorável fusão
entre Kadavar, Blues Pills e Graveyard – a edénica,
pitoresca e feérica sonoridade de ‘Isles of Mars’ passeia-se,
agiganta-se e incendeia-se graciosamente do primeiro ao derradeiro tema. São 26
minutos chamejados e condimentados em lume brando onde os três
instrumentos-reis se baralham, equilibram e dialogam numa maviosa, envolvente, eloquente e
portentosa simbiose que prontamente hipnotiza, eteriza e inunda toda a atenção
do ouvinte. Deixem-se transcender e embevecer pelo erótico misticismo radiado
por uma guitarra verdadeiramente primorosa que se ensoberbece nos seus inspirados,
frescos, principescos e adornados acordes de natureza sumptuosa, imponente e libidinosa, e
solos ziguezagueantes, ácidos, desvairados e extravagantes, vocais urticantes,
joviais, sóbrios e incitantes, um baixo umbroso, denso, tenso e fibroso de
murmurante, empolada, saturada e pulsante reverberação, uma caprichosa bateria
de sensibilidade, perícia e tenacidade jazzísticas que tiquetaqueia e
galopeia a acrobática e enfática ritmicidade toda esta irresistível tentação
sonora. ‘Isles of Mars’ é um delicioso e espirituoso EP – desdobrado
a um dinâmico e xamânico requinte – que nos obriga a vivenciá-lo múltiplas vezes
de forma a saciar todo este crescente desejo em nós instaurado pelos
germânicos. Estamos na presença de uma admirável estreia de formosura irretocável
que nos faz salivar e implorar pelo lançamento de um seu sucessor a curto
prazo. Embarquem nesta messiânica e ataráxica odisseia pelos extensos desertos espirituais –
superiormente liderada por Isles of Mars – e desaguem num verdadeiro
oásis onde todos os nossos membros e sentidos se banham e deleitam.
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