quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Review: ⚡ Tombstone Eyes - 'Land in the Sky' (2020) ⚡

Florescido nos primeiros rasgos luminosos da madrugada de 2020, o surpreendente álbum de estreia dos norte-americanos Tombstone Eyes traz-nos a esperançosa sensação de que se avizinha um novo ano musical atestado de extraordinárias obras. Designado de ‘Land in the Sky’ e lançado em formato físico de vinil pela mão do ainda inexpressivo selo discográfico local Akashic Records Unlimited, este empolgante disco do quarteto natural da cidade de Chicago (Illinois, EUA) ostenta um intrigante, pomposo, imperioso e cativante Heavy Prog de ecos revivalistas em adorável parceria com um fumegante, vulcânico, dinâmico e provocante Heavy Psych de carregada e embrumada bafagem Doom’esca. A sua dançante e lasciva sonoridade de vocação ocultista desprende e adensa toda uma envolvente, eloquente, enigmática e ritualista atmosfera que nos deixa boquiabertos, empalidece o semblante, dilata as pupilas e aguça os sentidos. Uma hipnotizante, bizarra e inebriante liturgia que prontamente nos faz cair na sua tentação. Deixem-se submergir, embrulhar, ofuscar e respirar por este grotesco, esfíngico e carnavalesco misticismo superiormente rezado por Tombstone Eyes ao profético, irresistível e hermético som de uma guitarra exótica que se pavoneia entre dominantes, aristocráticos, esotéricos e inquietantes Riffs e alucinados, gritantes e inflamados solos, um baixo fibrado e sombreado a pesada, ondulada, tensa e torneada reverberação, uma animada, desembaraçada e ecoante bateria de cadências galopantes, fortes, luzidias e entusiasmantes, um órgão cerimonioso de empolados, luxuriantes, berrantes e buliçosos bailados que resgatam a memória do virtuoso, vibrante e espalhafatoso Vincent Crane (saudoso líder da consagrada banda britânica Atomic Rooster), um chamativo e expressivo saxofone de uivante, tortuosas, vistosas e mirabolantes lamúrias que imediatamente nos remetem para uma suspeitosa, opulenta e misteriosa ambiência de Film Noir, e ainda uma voz briosa, presunçosa e vampírica que capitaneia todo este mítico, díspar e fatídico cabaret maquilhado a um esbatido negrume. ‘Land in the Sky’ é um álbum verdadeiramente primoroso – portador de uma beleza, simetria e destreza singulares – que seguramente não deixará ninguém indiferente. Entranhem-se na sua labiríntica estranheza e vivenciem de forma detida e fascinada toda esta ousada e inspirada estreia de Tombstone Eyes que muito dificilmente não estará perfilada e devidamente condecorada por entre os mais elogiados álbuns de um ano que ainda só agora alvoreceu.

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