Originário da cidade sueca
de Malmö, o fascinante e talentoso power-trio de essência puramente
instrumental CB3 (acrónimo de Charlottas Burning Trio) está na
iminência de apresentar o seu novo álbum designado ‘Aeons’ através
da mão do influente selo discográfico de raiz nórdica The Sign Records. Tendo
o seu lançamento integral e oficial agendado para a próxima sexta-feira (28 de
Fevereiro) sob a forma digital, de CD e vinil, fora-me dada a honrosa e irrecusável
oportunidade de o experienciar com uma considerável antecedência, e o que se
segue representa toda uma sentida e apaixonada dissertação pensada e redigida ainda com o
álbum em processo de digestão. Norteado e condimentado por um serpenteante,
hipnótico, cósmico e provocante Prog Rock de bussola apontada aos
clássicos britânicos King Crimson, um pulsante, esponjoso, libidinoso e
magnetizante Krautrock sintonizado na mesma frequência dos lendários germânicos
CAN, um envolvente, profético, sidérico e eloquente Psychedelic Rock
de aroma Pink Floyd’eano, e ainda um exuberante, místico,
ritualístico e delirante Jazz-Fusion de discretas aproximações aos
épicos Mahavishnu Orchestra, este ousado e inspirado ‘Aeons’
causara em mim um intenso estádio de arrebatamento logo na primeira audição que
lhe dedicara. A sua sonoridade de pele camaleónica e clima enigmático distende-se
das bronzeadas, quentes e aveludadas dunas que mareiam o Deserto do Saara aos
mais recônditos, gélidos e soterrados domínios do profundo negrume celestial.
De olhar siderado, pálpebras pesadas, cabeça pendulante, e alma enfeitiçada somos
capturados e viajados pela edénica e epidémica sublimidade de CB3. Uma fabulosa e aventurosa odisseia pela desmedida vastidão do nosso universo interior farolizada por uma
guitarra exploratória que se engrandece na estonteante condução de flutuantes, fibrosos,
oleosos e entusiasmantes Riffs, e ecoantes, alucinógenos e viajantes solos
movidos a um experimentalismo alienígena, um baixo denso, tenso e sombreado de
linhas possantes, torneadas, empoladas e palpitantes, e uma bateria acrobática
e jazzística de toque galopante, polido, delicado e flamejante. Num
plano secundário é-me ainda essencial enfatizar a surpreendente e carismática presença
no derradeiro tema de um melódico e exótico saxofone de uivos berrantes, soturnos,
sedosos e atordoantes que confere toda uma aura grotesca a este majestoso
trabalho forjado pelo trio escandinavo. ‘Aeons’ é uma obra magistral,
bafejada e conjugada pela sagacidade, delicadeza, destreza e sensibilidade, que
decerto agradará e conquistará todos aqueles que nela se refugiarem. Um disco
verdadeiramente vistoso, epopeico e delicioso de fio a pavio. Tombem as
pálpebras, dilatem as narinas e inalem a mágica, perfumada e catártica nebulosidade
exalada pelos CB3. Seguramente um dos mais relevantes álbuns de 2020 está aqui,
na caprichosa, esplendorosa e renovada criação deste habilidoso tridente ofensivo que se reinventa em cada concepção discográfica.
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