Da cidade inglesa de Bath
chega-nos ‘Descent’, o irreprovável e adorável álbum de estreia
do quarteto Charivari. Com o seu nascimento oficial agendado para o
próximo dia 28 do presente mês (sexta-feira) através do recém-formado selo
discográfico alemão Worst Bassist Records na forma física de CD e vinil,
esta bonita obra da muito promissora formação britânica vem sobrevoada,
envolvida e climatizada por um deslumbrante, hipnótico, onírico e apaziguante Shoegaze
de indiscreta inspiração trazida dos icónicos Slowdive, um atmosférico,
evolutivo, criativo e sidérico Post-Rock tingido a psicadelismo e
ocasionalmente distorcido pelo Noise-Rock, e ainda um contagiante, suado,
ritmado e inebriante Post-Punk à velha moda de uns históricos Joy
Division. Esta bem-sucedida conjugação de géneros musicais – aliada à
mistura de contrastados estados sentimentais – resulta numa melódica, imersiva
e melancólica sonoridade que nos embruma, eteriza e canaliza a alma através de
uma sagrada, sublimada e purificante hipnose sem regresso garantido. De pálpebras semi-seladas, narinas
dilatadas, sorriso desenhado no rosto, corpo mitigado e espiritualidade
ofuscada por um intenso estádio de transe, somos absorvidos, petrificados e
enfeitiçados pela maviosa, emotiva, nirvânica e melosa beleza superiormente destilada pelos Charivari. Uma aventurosa, entretida e prazerosa digressão pela infinidade
sensorial levada nas asas de duas guitarras sonhadoras que se entrelaçam na
condução de ternurentos, tocantes, plácidos e temulentos acordes e desenlaçam na
libertação de solos ecoantes, gélidos, delirados e penetrantes, um murmurante e
magnetizante baixo de pacífica ondulação reverberante, uma cativante bateria que
com a sua ritmicidade flamejante, explosiva e cintilante nos mantém os sentidos
despertos e vigilantes, e uma voz delicada, harmoniosa e aveludada que –
perseguida e sombreada de luz por um espectral e angelical coro vocal – capitaneia toda
esta edénica e feérica lisergia via auditiva. ‘Descent’ é um álbum
verdadeiramente maravilhoso que nos desamarra a consciência da gravidade
terrestre e a mergulha na profunda e vertiginosa direcção do intrigante, negro
e bocejante Cosmos. Não será fácil regressar do universo encantado de Charivari
e recuperar a lucidez que nos fora subtraída e diluída pela vastidão espacial.
Uma catártica e divina terapia sonora para um espírito desejoso de experienciar algo
assim.
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