quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Review: ⚡ Pink Cigs - ‘Pink Cigs’ (2020) ⚡

É ainda de espírito tomado e acalorado pelo intenso entusiasmo provocado pelos britânicos Pink Cigs que escrevo estas palavras apaixonadas, dedicadas ao seu impactante álbum de estreia. De designação homónima e lançado no princípio do passado mês de Janeiro exclusivamente em formato digital através da sua página de Bandcamp oficial, este primeiro trabalho de longa duração hasteado pelo pujante quarteto natural da cidade inglesa de Sheffield vem escudado e inflamado por um poderoso, possante, elegante e oleoso Classic Rock de feições e trajes revivalistas, em vibrante cumplicidade com um tenebroso, enigmático, sorumbático e ostentoso Proto-Metal de convocatória setentista. Resultada da estrondosa e gloriosa conjugação entre a dourada graciosidade e a ofuscante sagacidade resplandecidas e suadas de uns icónicos Led Zeppelin com a enegrecida densidade e luciférica toxicidade rugidas e fumegadas de uns legendários Black Sabbath ou Pentagram, a hipnotizante, mastodôntica e euforizante sonoridade de Pink Cigs provocara e conservara em mim toda uma adorável, turbulenta e inesgotável efervescência que me arrebatara, embevecera e empolgara do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 34 minutos integralmente pensados e executados à minha imagem. Uma monstruosa dosagem de pura adrenalina via auditiva que me possuíra, enfeitiçara e rejubilara a alma sedenta de algo assim. À alucinante boleia sonora de uma arrojada, enlouquecedora, avassaladora e destravada locomotiva que desbrava toda uma frenética, vertiginosa e acrobática montanha-russa, somos atropelados e excitados por duas guitarras titânicas, feéricas e afrodisíacas que se unificam na monolítica ascensão de Riffs musculados, vulcânicos, tirânicos, triunfantes e aferventados, e se entrançam e perseguem na trepidante canalização de ziguezagueantes, desenfreados, tresloucados, avinagrados e inflamantes solos, sombreados e intimidados por um corpulento e volumoso baixo de linhas bafejantes, expressivas, altivas e pulsantes, esporeados e provocados pela ávida galopada de uma tonitruante bateria carburada a uma despachada, frenética, hiperativa e obstinada ritmicidade de violenta explosividade imprópria para cardíacos, purificados e refrescados pelos vocais fragosos, melódicos, ácidos e fibróticos que cavalgam e alvoroçam toda a extensão deste flamejante, vulcânico e fumegante ‘Pink Cigs’. Este é um álbum genuinamente libidinoso, inefável e vivificante. Uma obra pornográfica, regada a gasolina e lavrada a combustão, que me inquietara e exorcizara numa sensorial erupção. Na pesada e delongada ressaca em mim perpetuada pelo mesmo, tudo em mim grita que estou na presença de um dos mais fortes candidatos a álbum do ano. Incensurável e imaculado aos meus ouvidos e restantes sentidos.

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