terça-feira, 10 de março de 2020

Review: ⚡ Dopelord - 'Sign of the Devil' (2020) ⚡

O soberano quarteto polaco Dopelord está de regresso com o seu quarto álbum apelidado de ‘Sign of the Devil’ e hoje mesmo lançado numa configuração autoral através dos formatos físicos de CD e vinil. A par dos seus antecessores, este novo trabalho da já consagrada formação sediada na cidade-capital de Varsóvia escuda-se num monolítico, luciférico, esotérico e fumarento Stoner-Doom de vigorosa, negra, cerimoniosa e embriagada bafagem Black Sabbath’ica e Electric Wizard’eana, que prontamente nos captura e converte em seus devotos discípulos. A sua sonoridade intensamente poderosa, intrigante, dominante e rumorosa – untada em THC – amortalha e enterra o ouvinte numa profunda e febril narcose que o canaliza e eteriza do primeiro ao derradeiro tema. De cabeça pesada e detidamente baloiçada de ombro em ombro, pálpebras pesadas e desmaiadas, e narinas amplamente dilatadas, somos tentados e convidados a ingressar num impactante, nebuloso, umbroso e aliciante ritual de turíbulos dançantes e fumegantes, e chocantes e extravagantes sacrifícios inteiramente dedicados ao lado eclipsado da religião. Toda uma monstruosa, esverdeada, alucinógena e pavorosa avalanche alavancada, rugida e nutrida por duas monárquicas e influentes guitarras enrijecidas, amaldiçoadas e enegrecidas por despóticos, carregados, enlutados e mastodônticos Riffs através dos quais rasgam, espreitam e se desvendam luminosos, ácidos, inflamados e virtuosos solos de elevada toxicidade, um portento, sísmico e violento baixo de linhas sombreadas, oleadas e carregadas a uma musculada, bafejante, possante e latejada reverberação, uma tempestuosa bateria locomovida e pontapeada a uma explosiva, forte e altiva ritmicidade, e ainda uma liderante voz tanto avinagrada, ecoante, rutilante e enregelada quanto fragosa, demoníaca, colérica e fogosa que contrasta na perfeição com o denso, tenso e intimidante negrume que reveste todos os fatídicos céus deste profano ‘Sign of the Devil’. O opulento artwork – de traço bastante gráfico e marcadamente influenciado por uma atemorizante ambiência inquisidora – que confere rosto a esta renovada e endiabrada liturgia rezada por Dopelord é da autoria do ilustrador / tatuador seu compatriota Fabian Staniec. Deixem-se encobrir, tentar e possuir pela fascinante, maciça e horripilante exalação baforada pelos poros de ‘Sign of the Devil’, e vivenciem com inteira entrega e devoção as troantes trevas que trajam, maquilham e oxigenam este apocalíptico álbum integralmente governado por uma expressiva e imperiosa pujança de essência pagã.

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