segunda-feira, 16 de março de 2020

Review: ⚡ The Skookum Brothers - 'En Las Montañas' EP (2020) ⚡

Da cidade californiana de Oakland chega-nos a quente e doce fragância revivalista do quarteto The Skookum Brothers com o lançamento do seu segundo e novo EP intitulado ‘En Las Montañas’ e promovido exclusivamente em formato digital (com a possibilidade de download gratuito) através da sua página de Bandcamp oficial. Sendo eu um intratável entusiasta pela música Rock forjada no final dos anos 60 e em toda a extensão da década de 1970, não poderia evitar que a musicalidade deste EP me trouxesse a esta apaixonada dissertação lírica. Massajado e climatizado por uma sonoridade genuinamente vintage, de onde facilmente se reconhece e degusta um ensolarado, primaveril, pastoril e relaxado Psychedelic Rock de coloração Bluesy e inspiração resgatada a icónicas referências como Grateful Dead, The Allman Brothers Band e Quicksilver Messenger Service, um rural, mavioso, risonho e estival Country Rock – de discretas aproximações ao vibrante Western Swing – à boa e velha moda de Neil Young e The Marshall Tucker Band, e ainda um dançante, ritmado, assanhado e inflamante Boogie Rock de maquilhagem e indumentária ZZ Top’eana, este afável e adorável ‘En Las Montañas’ conta ainda com a reinterpretação do clássico intemporal “Sugar Mama” (unificando as versões desiguais executadas pelo guitarrista e purista do Delta-Blues Big Joe Williams e pelos irlandeses Taste) e de “Ripple” (tema original dos texanos Shiva's Headband). Embebidos na sua atmosfera western’eana, as nossas pálpebras escorregam pela córnea abaixo, os lábios curvam e desenham um genuíno sorriso no rosto, e a cabeça embriagada é pesadamente pendulada de ombro a ombro à enfeitiçante boleia de uma guitarra trovadora que nos cativa e namora com os seus acordes envolventes, lenitivos, meditativos e comoventes, e nos eteriza e nebuliza com os seus solos errantes, exóticos, jubilosos e emocionantes, uma voz delicada, aconchegante, sóbria e aveludada, um diligente e murmurante baixo serpenteado a linhas pulsantes, fluidas, sombreadas e magnetizantes, um carismático e aromático órgão Hammond de harmoniosos, excêntricos e deleitosos bailados, e ainda uma bateria galopante, despretensiosa e magnetizante que – em cumplicidade com uma percussão de orientação tribalista – troteia, esporeia e tiquetaqueia toda esta sonhadora, contemplativa e libertadora cavalgada pelas verdejantes e cinematográficas pradarias sobrevoadas por uma perfumada e suavizante brisa e farolizadas por um vigilante Sol chamejado a intensa combustão que se debruça nas montanhas de recortam o intangível firmamento. ‘En Las Montañas’ é um mágico registo de curta duração que reencarna um encanto há muito perdido e esquecido. O regresso a um tempo e espaço aclimatados pela pura e dourada bonança só vislumbrada – por entre suspiros – no nosso imaginário. Deixem-se sorver e purificar pelo ataráxico, diáfano e edénico revivalismo reluzido e transpirado por este charmoso e espirituoso EP, e vivenciem de forma absolutamente detida e deslumbrada esta surpreendente banda contemporânea que – para minha imensa satisfação – faz do passado o seu presente e futuro. Um verdadeiro fármaco para as almas inadaptadas que - tal como a minha - prosseguem a sua fuga à modernidade.

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