O prolífico e admirável tridente
nova-iorquino King Buffalo está de regresso com o lançamento oficial de um renovado EP
apelidado de ‘Dead Star’, produzido debaixo do seu cunho autoral
nos formatos físicos de CD e vinil, e devidamente distribuído pelo já histórico
selo discográfico de origem germânica Stickman Records. De instrumentos
apontados a um hipnotizante, mirifico, cósmico e narcotizante Krautrock de
ambiência estival e nebulosidade sideral que paulatinamente se desenvolve e
revolve num efervescente, vulcânico, titânico e euforizante Heavy Psych
de febril saturação e delirante comoção, ‘Dead Star’ tem a
capacidade de nos desenraizar da gravidade terrestre e soterrar nas
fantasmagóricas nuvens interestelares de coloração esbatida que gravitam e
vigiam povoados cemitérios estelares. Embalados e embriagados num constante movimento
pendular que tanto nos imobiliza e anestesia numa lisérgica e ataráxica inércia,
como nos sacode e implode numa fervorosa e redentora erupção de pura adrenalina,
este fabuloso EP canaliza-nos numa deslumbrante, profunda e xamânica hipnose
sem regresso garantido. São 40 minutos aureolados por um transe espiritual que nos ascende na direcção dos profusos faróis que alumiam a perpétua noite cósmica. Motorizado e viajado por uma guitarra messiânica que se
manifesta em absorventes, místicos e enfeitiçantes Riffs de onde
desaguam gritantes, alucinógenos e ziguezagueantes solos, um baixo bafejante carregado
a linhas pulsantes, onduladas, torneadas e magnetizantes, uma bateria deliciosamente
groove’sca de fulgurante explosividade e dominante ritmicidade, um mágico
sintetizador de aroma celestial e detidamente entregue a um expansivo experimentalismo
electrónico que nos remete para a intrigante atmosfera fielmente trazida do
cinema Sci-Fi concebido nos anos 80, e ainda uma voz aveludada, sagrada,
diamantina e ensolarada que timoneia toda esta fantástica digressão pela
infinitude do nosso Cosmos interior, ‘Dead Star’ é um registo verdadeiramente
etéreo – de alma aparentada com a dos seus antecessores – que vem assim ampliar
e valorizar uma das mais imaculadas discografias do género. Recolham a âncora
que vos aprisiona a consciência, hasteiem as velas da percepção e deixem-se desatracar
e navegar pelos eternos oceanos que dominam todo o negrume estelar à boleia dos
ventos astrais suspirados pelos King Buffalo. Seguramente um dos grandes
EP’s do ano está aqui, na virtuosa transcendência de ‘Dead Star’.
Empoeirem-se e canonizem-se nele.
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