domingo, 5 de abril de 2020

Review: ⚡ King Buffalo - 'Dead Star' EP (2020) ⚡

O prolífico e admirável tridente nova-iorquino King Buffalo está de regresso com o lançamento oficial de um renovado EP apelidado de ‘Dead Star’, produzido debaixo do seu cunho autoral nos formatos físicos de CD e vinil, e devidamente distribuído pelo já histórico selo discográfico de origem germânica Stickman Records. De instrumentos apontados a um hipnotizante, mirifico, cósmico e narcotizante Krautrock de ambiência estival e nebulosidade sideral que paulatinamente se desenvolve e revolve num efervescente, vulcânico, titânico e euforizante Heavy Psych de febril saturação e delirante comoção, ‘Dead Star’ tem a capacidade de nos desenraizar da gravidade terrestre e soterrar nas fantasmagóricas nuvens interestelares de coloração esbatida que gravitam e vigiam povoados cemitérios estelares. Embalados e embriagados num constante movimento pendular que tanto nos imobiliza e anestesia numa lisérgica e ataráxica inércia, como nos sacode e implode numa fervorosa e redentora erupção de pura adrenalina, este fabuloso EP canaliza-nos numa deslumbrante, profunda e xamânica hipnose sem regresso garantido. São 40 minutos aureolados por um transe espiritual que nos ascende na direcção dos profusos faróis que alumiam a perpétua noite cósmica. Motorizado e viajado por uma guitarra messiânica que se manifesta em absorventes, místicos e enfeitiçantes Riffs de onde desaguam gritantes, alucinógenos e ziguezagueantes solos, um baixo bafejante carregado a linhas pulsantes, onduladas, torneadas e magnetizantes, uma bateria deliciosamente groove’sca de fulgurante explosividade e dominante ritmicidade, um mágico sintetizador de aroma celestial e detidamente entregue a um expansivo experimentalismo electrónico que nos remete para a intrigante atmosfera fielmente trazida do cinema Sci-Fi concebido nos anos 80, e ainda uma voz aveludada, sagrada, diamantina e ensolarada que timoneia toda esta fantástica digressão pela infinitude do nosso Cosmos interior, ‘Dead Star’ é um registo verdadeiramente etéreo – de alma aparentada com a dos seus antecessores – que vem assim ampliar e valorizar uma das mais imaculadas discografias do género. Recolham a âncora que vos aprisiona a consciência, hasteiem as velas da percepção e deixem-se desatracar e navegar pelos eternos oceanos que dominam todo o negrume estelar à boleia dos ventos astrais suspirados pelos King Buffalo. Seguramente um dos grandes EP’s do ano está aqui, na virtuosa transcendência de ‘Dead Star’. Empoeirem-se e canonizem-se nele.

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