domingo, 3 de maio de 2020

Review: ⚡ Apex Shrine - 'Apex Shrine' (2020) ⚡

Da cidade de St. Louis (localizada no estado americano do Missouri) chega-nos o novo álbum do quarteto Apex Shrine e um dos meus favoritos de 2020. De denominação homónima e acabado de ser lançado sob o exclusivo formato digital através da sua página de Bandcamp oficial, este ensolarado, refrescante, galante e aromatizado registo de longa duração traz-nos o exótico e requintado psicadelismo de infusão jazzística superiormente pincelado pelos clássicos nova-iorquinos Sweet Smoke, o ácido e electrizante Blues Rock entornado pelos virtuosos neozelandeses The Human Instinct, o erótico e dançante Boogie Rock fervido pelos icónicos texanos ZZ Top e ainda o dinâmico e entusiástico Hard Rock à boa moda dos lendários canadianos RUSH. A sua sonoridade de essência divertida, deslumbrante, contagiante e diversificada – exemplarmente condimentada a um carismático revivalismo fielmente resgatado das saudosas décadas de 1960 e 1970 que tanto me apraz – é sublimemente desdobrada e airosamente passeada pelas verdejantes, primaveris e apaziguantes planícies que alcatifam toda uma paisagem bucólica de extensão a perder de vista. De sorriso imortalizado no rosto, olhar maravilhado e semi-selado, corpo serpenteante e alma embriagada de uma satisfação impossível de contrariar, somos cortejados, embevecidos e conduzidos pela afrodisíaca musicalidade de ‘Apex Shrine’ à delirante, paradisíaca e estonteante boleia de duas vozes aparentadas de tez aveludada, suavizante, afagante e melificada, duas guitarras distintas que se manifestam em maviosos, simpáticos, tórridos e melodiosos Riffs de fácil digestão e imediata fascinação, e na orgásmica redenção de aliciantes, caprichosos, donairosos e uivantes solos capazes de nos tocar e massajar as mais erógenas zonas do cérebro, um murmurante baixo groovy de bafejo hipnótico e vagueante que se conduz e nos seduz ao volante de linhas relaxadas, quentes, fluídas e sombreadas, e ainda uma galopante bateria de rédeas firmemente empunhadas e esporas afiadas que tiquetaqueia com incitante ritmicidade toda esta sublimada e endeusada digressão pelos frondosos e copiosos oásis de uma natureza há muito entregue a si mesma. ‘Apex Shrine’ é um álbum portador de uma refinada beleza idílica que nos mitiga e inebria o espírito, recostando-o num inamovível estádio de perfeito bem-estar. Uma obra mirífica – de encanto rural – que nos transporta o imaginário para uma purificante época de bondade, harmonia e simplicidade caída há muito em desuso, onde os riachos correm livremente, as gargalhadas são trazidas pelo vento, os pássaros conversam graciosamente entre si, e todo um vibrante, vistoso e ofuscante verdume banha a infinitude de um vale aureolado e canonizado pelo Sol poente. Deixem-se bronzear, extasiar e purificar pelos seus adoráveis temas de natureza radiofónica, e vivenciar de forma detida, afeiçoada e embriagada toda a diamantina beatitude espelhada por um dos trabalhos mais envolventes e admiráveis do ano.

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