Depois de nos bastidores da
produção deste álbum ter sido superiormente orquestrada uma cinematográfica teoria
da conspiração – aqui brilhantemente documentada – que visa “beliscar” a
“até então” imaculada reputação dos míticos Black Sabbath, o fabuloso e marcante trabalho
de estreia dos ingleses Jazz Sabbath – banda liderada por Adam
Wakeman, filho de Rick Wakeman (talentoso e consagrado ex-teclista dos históricos
britânicos YES que ostentam o elogioso e perpétuo título de uma das mais
influentes formações da história do Progressive Rock), que, tal como sucedera
com o seu pai, se dedica arduamente à virtuosa relação entre as pontas dos
dedos e as teclas do piano. Constituído por um jovem tridente de aprimorada vocação
jazzística e irrepreensivelmente orientado por um elegante, clássico,
lírico e eloquente Jazz que de forma ousada, mas discreta e subtil, resvala
nas fronteiras de um fogoso, expressivo, altivo e lustroso Jazz Rock,
este bem-disposto disco de designação homónima – que fora muito recentemente
lançado não só sob a forma digital, como também através dos formatos físicos de
CD, cassete e vinil pela mão da editora holandesa Blacklake – enfeitiçara-me
e conquistara-me com as suas opulentas, apuradas e condimentadas composições. A
sua sonoridade minuciosamente tricotada a delicadeza, emoção e destreza passeia-se
e esperneia-se airosa e graciosamente num edénico, envolvente e sofisticado diálogo
instrumental, culminando num perfumado, lúbrico e sublimado requinte musical que
desperta e cativa todos os nossos sentidos. De pupilas dilatadas, ouvidos
salivantes, cérebro massajado e alma arrebatada somos melificados e eterizados
pelas vistosas, frescas, principescas e sumptuosas melodias cultivadas por um galante
e aristocrático piano swing de notas saltitantes, afáveis e
deslumbrantes, uma exótica guitarra de solos exuberantes, refinados e ziguezagueantes,
um murmurante e bafejante contrabaixo de linhas pulsantes, sombreadas e vagueantes, e uma bateria acrobática e tiquetaqueante de toque polido, preciso e
cintilante que confere pulsação a esta maravilhosa digressão pelo lado mais
ensolarado da música Jazz. Deixem-se embriagar e deleitar pela sonhadora,
quimérica, feérica e trovadora fragância de ‘Jazz Sabbath’,
e regressem dele com a espiritualidade plenamente estarrecida e expurgada. Estamos na
honrosa presença de uma obra verdadeiramente excepcional de fio a pavio. Diluam-se
e deliciem-se nela.
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