sábado, 30 de maio de 2020

Review: ⚡ Jazz Sabbath - 'Jazz Sabbath' (2020) ⚡

Depois de nos bastidores da produção deste álbum ter sido superiormente orquestrada uma cinematográfica teoria da conspiração – aqui brilhantemente documentada – que visa “beliscar” a “até então” imaculada reputação dos míticos Black Sabbath, o fabuloso e marcante trabalho de estreia dos ingleses Jazz Sabbath – banda liderada por Adam Wakeman, filho de Rick Wakeman (talentoso e consagrado ex-teclista dos históricos britânicos YES que ostentam o elogioso e perpétuo título de uma das mais influentes formações da história do Progressive Rock), que, tal como sucedera com o seu pai, se dedica arduamente à virtuosa relação entre as pontas dos dedos e as teclas do piano. Constituído por um jovem tridente de aprimorada vocação jazzística e irrepreensivelmente orientado por um elegante, clássico, lírico e eloquente Jazz que de forma ousada, mas discreta e subtil, resvala nas fronteiras de um fogoso, expressivo, altivo e lustroso Jazz Rock, este bem-disposto disco de designação homónima – que fora muito recentemente lançado não só sob a forma digital, como também através dos formatos físicos de CD, cassete e vinil pela mão da editora holandesa Blacklake – enfeitiçara-me e conquistara-me com as suas opulentas, apuradas e condimentadas composições. A sua sonoridade minuciosamente tricotada a delicadeza, emoção e destreza passeia-se e esperneia-se airosa e graciosamente num edénico, envolvente e sofisticado diálogo instrumental, culminando num perfumado, lúbrico e sublimado requinte musical que desperta e cativa todos os nossos sentidos. De pupilas dilatadas, ouvidos salivantes, cérebro massajado e alma arrebatada somos melificados e eterizados pelas vistosas, frescas, principescas e sumptuosas melodias cultivadas por um galante e aristocrático piano swing de notas saltitantes, afáveis e deslumbrantes, uma exótica guitarra de solos exuberantes, refinados e ziguezagueantes, um murmurante e bafejante contrabaixo de linhas pulsantes, sombreadas e vagueantes, e uma bateria acrobática e tiquetaqueante de toque polido, preciso e cintilante que confere pulsação a esta maravilhosa digressão pelo lado mais ensolarado da música Jazz. Deixem-se embriagar e deleitar pela sonhadora, quimérica, feérica e trovadora fragância de ‘Jazz Sabbath’, e regressem dele com a espiritualidade plenamente estarrecida e expurgada. Estamos na honrosa presença de uma obra verdadeiramente excepcional de fio a pavio. Diluam-se e deliciem-se nela.

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