Com a sua designação
espelhada e vertida do carismático álbum de estreia produzido pelos clássicos
franceses Gong que fora revelado no último suspiro da década de 1960, os
espanhóis Magick Brother & Mystic Sister – domiciliados na cidade de
Barcelona – acabam de apresentar o seu primeiro e fabuloso álbum de
denominação homónima que fora recentemente lançado nos formatos físicos de CD e
vinil (ambos de disponibilidade ultra-limitada) e devidamente promovido pela mão
da parceria discográfica multinacional que coliga a editora espanhola The John Colby Sect à grega Sound Effect Records. Polinizada por
um deslumbrante, edénico, místico e radiante Psychedelic Rock de paladar Pink
Floyd’eano e um charmoso, pérsico, profético e ostentoso Progressive
Rock de sotaque Canterbury’eano e influências trazidas dos britânicos Caravan, a mágica, opalescente e quimérica sonoridade
de ‘Magick Brother & Mystic Sister’ é abraçada, embrumada e
canonizada por uma apaixonante atmosfera onírica que prontamente remete o
ouvinte para a narrativa trovadora de uma absorvente fábula escrita a requinte
e romantismo. Emoldurado por majestosos adornos de polimento jazzístico,
sobrevoado por um contemplativo Psychedelic Folk de estética pastoral, lenitiva
e medieval, e ainda colorido por discretos e efémeros vestígios de um animado, quente
e ritmado Funk de aroma tropical, esta imaculada estreia do quarteto
catalão provocara em mim a plena pacificação dos sentidos e a catártica deserção
da alma pela seráfica, sagrada e caleidoscópica luminescência que o mesmo
faroliza. Na génese de toda esta secreção deliciosa que nos banha e massaja as
zonas mais erógenas do cérebro, desobstruindo as artérias espirituais que nos
canalizam e confluem nas paradisíacas praias ensolaradas pelo transe
religioso, está uma serpenteante, sedutora e refrescante flauta transversal de
extravagância e fragância Jethro Tull’esca, um enigmático,
enfeitiçante e majestático sintetizador disseminador de uma alquimia ritualista
e ocultista, uma guitarra magistral de acordes tricotados a delicadeza,
sublimidade e destreza, um baixo murmurante de linhas ondulantes, fluídas e
errantes, um afrodisíaco teclado de notas harmoniosas, saltitantes, dançantes e
faustosas, uma bateria elegante, tribalista e cintilante de timbalões
acrobáticos e pratos tintilantes, e uns vocais sirénicos de tez translúcida, diamantina,
gentil e aveludada que flutuam pelas tantalizantes, utópicas e embriagantes epopeias
de beleza intocada. De desdobrar ainda os louvores ao endeusado artwork de
créditos apontados ao já afamado artista brasileiro Pena Branca que com
fiel precisão traduzira para o universo visual toda a ataráxica luzência de
clima primaveril e essência revivalista que a libertadora musicalidade – superiormente
orquestrada por estes quatro discípulos dos dourados 60’s – de ‘Magick Brother
& Mystic Sister’ filosofa. Inalem a ensolarada e apaladada
fragância sonora desta obra irretocável e reconfortem-se num balsâmico e ataráxico
oásis sensorial sob o feitiço de um dos álbuns mais esplendorosos e sumptuosos do ano.
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