Depois de em 2016 terem
lançado o seu irrepreensível e impactante álbum de estreia ‘Temple
Without Walls’ (review aqui) – tendo eu o considero e condecorado
mesmo como um dos melhores trabalhos de longa duração nascidos nesse ano
(listagem aqui) – os austríacos Mothers of the Land acabam de
presentear e saciar toda a sua crescente legião de seguidores com o tão
aguardado sucessor designado de ‘Hunting Grounds’ e oficialmente
lançado hoje mesmo nos formatos digital, de CD e vinil (estes físicos de
prensagem ultra-limitada a parcas centenas de cópias disponíveis) pela mão da
já conceituada editora discográfica local StoneFree Records. Repetindo a
bem-sucedida receita musical estreada na caprichosa produção do seu primeiro
registo, este imponente quarteto domiciliado na cidade-capital de Viena escuda-se
num melódico, faustoso, poderoso e épico Hard Rock de feições setentistas
e tingido a alucinante e flamejante psicadelismo em harmoniosa e
libidinosa parceria com um desenfreado, fogoso, polvoroso e oleado Heavy
Metal de sotaque britânico e matriz tradicional. A sua sonoridade vistosa, sublime e gloriosa – talhada
a uma desarmante e apaixonante majestosidade, e carburada a uma musculada,
dinâmica, redentora e entusiasmada cavalgada de instrumentos em debandada –
causara em mim um inabalável estádio de crescente e ofuscante fascinação que desprendera
e detonara toda uma saturada e exaltada comoção. Numa ornamentada alternância entre desembaraçadas,
vertiginosas e inflamadas galopadas à rédea solta e espora aguçada, e passagens
climatizadas a uma nirvânica, deslumbrante e afrodisíaca maviosidade, ‘Hunting
Grounds’ adjectiva-se como uma obra verdadeiramente arrebatadora que
tanto nos enternece de uma doce letargia como sobreaquece de uma diluviana
euforia. Na génese de toda esta cuidada, inspirada e magistral epopeia de
essência puramente instrumental estão duas sensacionais guitarras gémeas de
formosa e lasciva excentricidade que hasteiam vultosos, principescos, titânicos e
ostentosos Riffs esculpidos e encerados a sobranceira majestosidade, e esgrimam
virtuosos, ziguezagueantes, atordoantes e gloriosos solos superiormente
domesticados e esvoaçados a assombrosa e desarmante habilidade, um baixo ronronante
valvulado e sombreado a linhas bafejantes, densas, tensas e possantes, e uma
bateria combativa, magnética e altiva que – a trote de uma ritmicidade
expressiva – tiquetaqueia toda esta despótica cavalaria pesada na imediata conquista
do ouvinte. De salientar e aplaudir ainda o excepcional artwork
brilhantemente pensado e executado pelo talentoso ilustrador local Markus Raffetseder (aka Dr. Knoche) que confere e este irretocável
registo toda uma envolvente atmosfera de misticismo fabular. Confesso que
depois de digerido e reverenciado o álbum de estreia de Mothers of the Land,
arremessava na direcção deste seu sucessor as mais grandiosas expectativas que
acabariam mesmo por lhe assentar na perfeição. Muito dificilmente este quarteto
austríaco conseguiria um regresso mais apoteótico. São cerca de 37 minutos inteiramente oxigenados por uma constante, imersiva e provocante feitiçaria de superior primazia que nos
esperta e liberta todos os membros e sentidos. Deixem-se embevecer, efervescer e naufragar nos
revoltosos mares de ‘Hunting Grounds’ e vivenciar com plena entrega
e devoção todo o brioso esplendor de um dos mais monumentais álbuns lançados
este ano.
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