Proveniente da cidade do Porto,
chega-nos uma das mais agradáveis e elogiáveis surpresas sonoras do ano. Revelado no
solstício de Verão, denominado de forma homónima e devidamente lançado nos
formatos de digital e CD (este último ultra-limitado à existência de apenas 200
cópias disponíveis para venda) pela mão da editora discográfica local Saliva
Diva, este irresistível álbum de estreia produzido pelo quarteto
portuense PALMIERS traz-nos um frutado, sumarento e adocicado cocktail
musical – de clima tropical e carácter devocional – de onde se reconhece e saboreia
um meditativo, envolvente, eloquente e imersivo Krautrock – banhado e
tingido a um deslumbrante, ensolarado, apaladado e extasiante psicadelismo
– de mãos dadas com um atmosférico, estival, neptuniano e quimérico Dream
Pop – oxigenado e sublimado a embriagada letargia – que se acalora e revigora
nas paradisíacas praias de um dançante, místico, onírico e contagiante Surf
Rock de exotismo arábico. De pálpebras entreabertas, narinas dilatadas,
sorriso inextinguível, corpo bamboleante, alma maravilhada e sentidos
ensurdecidos e entontecidos pela ofuscante e purificante radiância bafejada
pela utópica sonoridade de PALMIERS, somos conservados num perfeito
estádio de pleno bem-estar que nos enternece, reconforta e embevece do primeiro
ao derradeiro tema. Uma adorável epifania veraneia que nos deixa firmemente suspensos
em órbita do tão almejado nirvana. Embrenhados e embalados numa profunda e
entretida hipnose de natureza oceânica e inefável doçura, somos namorados por
uma guitarra pérsica de serpenteantes, jubilosos, libidinosos e apaixonantes
bailados, um baixo deliciosamente groovy de linhas murmurantes,
hipnóticas, exóticas e flutuantes, um harmonioso teclado de melodias arejadas,
refrescantes, bailantes e embriagadas, e ainda uma instigante bateria a trote
de uma ritmicidade cintilante, compenetrada, inspirada e revigorante. O artwork
de endeusamento e saturação solar aponta os seus créditos autorais à ilustradora portuguesa Joana Carneiro. Deixem-se farolizar, bronzear e seduzir pela seráfica e esplendorosa
beatitude de ‘PALMIERS’, e embarquem numa fabulosa digressão
desértica povoada por miragens tangíveis e frondosos oásis de deleite sensorial
e espiritual. Não vai ser fácil emergir e despertar das funduras deste edénico sonho
acordado e reaver a lucidez que nos fora subtraída e sonegada. Um dos mais miríficos álbuns nacionais de 2020 está aqui, na irretocável e muito promissora estreia dos portugueses PALMIERS.
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