Da histórica e devota cidade de Tel
Aviv (Israel) chega-nos o novíssimo álbum de estreia produzido pelo talentoso
colectivo Acid Moon and the Pregnant Sun, um projecto formado em 2015 e que
reúne diversos músicos locais. Designado de ‘Speakin' of the Devil’
e oficialmente lançado hoje mesmo pela mão do influente selo discográfico local
Reality Rehab Records através do exclusivo formato digital, este primeiro,
mas ousado e caprichado, passo discográfico desta muito promissora formação
israelita, vem nutrido por um carismático, agradável e radiofónico Classic
Rock de aroma revivalista, matizado por um ensolarado, caleidoscópico e perfumado
Psychedelic Rock de textura sessentista e ainda massajado por um
contemplativo, lírico e lenitivo Folk Rock de mãos dadas a um cativante,
jovial e dançante Alternative Country que em estética e simbiótica parceria
conferem toda uma aura edénica, profética e pastoral à apaixonante ambiência
que climatiza e eteriza todo o corpo temporal desta inspirada obra. Destilada
deste emaranhado novelo – estilo musical comummente apelidado de Americana - onde coabitam
e dialogam entre si todos os géneros acima referidos e retratados, a envolvente,
sedutora e eloquente sonoridade de ‘Speakin' of the Devil’
traz-nos todo um inefável paladar à mais purificante, extasiante e catártica
liberdade espiritual. Uma transformadora passeata pelas rugosas, idosas e
poeirentas estradas do velho-oeste americano de punhos firmemente cerrados no
volante de um velho e vistoso Cadillac, sorriso genuíno esboçado e eternizado no rosto, olhar embriagado
e cravado no desfocado horizonte fervilhado pelo corado Sol poente, e de esvoaçantes
cabelos entrelaçados na refrescante brisa suspirada pelo deserto crepuscular. Toda
uma ataráxica absorção sensorial e espiritual que em nós cultiva um profundo
estádio de compenetrada e viajada introspecção. São 43 minutos integralmente farolizados
e banhados a uma nirvânica luminância que nos bronzeia, deleita e esperneia sem
a mais pequena réstia de inibição. Deixem-se embalar neste sonho acordado –
superiormente capitaneado pelos Acid Moon and the Pregnant Sun – à mística
boleia de uma liderante voz de feição verdadeiramente garbosa, simpática,
melódica e melosa, duas fabulosas guitarras Grateful Dead’eanas
que se manifestam em fascinantes, paradisíacos e comoventes acordes, e enlouquecem
na emancipação de ostentosos, ácidos e cheirosos solos, um baixo bocejante de
reverberação relaxante, sombreada, fluída e ondeante, um harmonioso teclado de refrescantes,
airosos, lustrosos e deslumbrantes bailados, e uma bateria lasciva que – na companhia de
uma percussão tropical, exótica e tribalista, e a galope de uma ritmicidade
luminosa, delicada e despretensiosa – tiquetaqueia e trauteia com apurada graciosidade
toda esta edénica digressão pelos arborizados trilhos do reino da esperança,
bonança e alegria. De arremessar ainda elogiosas palavras ao enigmático e ritualístico
artwork que deve a sua distinta existência à já célebre espanhola Branca Studio.
Este é um álbum coroado a uma devocional beatitude de clima veraneio que me
cortejara e embriagara do primeiro ao derradeiro tema. Deixem-se glorificar, embevecer e
empoderar pela terapêutica musicalidade de Acid Moon and the Pregnant Sun
e testemunhem na primeira pessoa todo o mágico, ofuscante e prismático esplendor de um dos mais maviosos
e deliciosos álbuns nascidos em 2020.
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