Da artística cidade costeira
de San Diego (mapeada na Califórnia, EUA) chega-nos a
inebriante, enigmática e enfeitiçante alquimia nebulizada e mistificada pelo
álbum de estreia do quarteto King Gorm. Lançado hoje mesmo através do
formato digital e das formas físicas de cassete (ultra-limitada a apenas 60
cópias existentes) e vinil (este pela mão do pequeno selo discográfico californiano Church
Recordings), este homónimo álbum forjado e orquestrado pela jovem, trovadora e
talentosa formação norte-americana vem talhado e pincelado por um glorioso,
épico, estético e majestoso Heavy Prog desdobrado a vistosas, imponentes
e espalhafatosas galopadas de esporas afiadas e à rédea solta, e um lenitivo,
profético, edénico e introspectivo Psychedelic Folk de enternecedoras,
envolventes, eloquentes e sonhadoras baladas emolduradas a beleza medieval,
paisagens bucólicas e clima outonal. A sua apaixonante sonoridade de essência
ritualística e devoção ocultista – tecida, acolchoada e condimentada a um
carismático revivalismo emprestado pelo frutífero e dourado território setentista –
ostenta elaboradas, caprichadas, principescas e ousadas composições que imediatamente
fascinam, deleitam e transportam o ouvinte para uma sublimada, genuína e
imaculada época ancestral caída há muito em desuso. Na génese desta sumptuosa, mágica
e portentosa liturgia está um quimérico órgão Hammond profundamente compenetrado nos
seus harmoniosos, virtuosos, romanescos e pomposos bailados, um magnetizante teclado
Mellotron de encantadores véus sonoros polvilhados a poeira estelar, uma
guitarra aristocrática de Riffs imperiosos, homéricos, sidéricos e
umbrosos de onde sobressaem esvoaçantes, ácidos, gélidos e serpenteantes solos
de elevada toxicidade, um enfático baixo valvulado a linhas empoladas,
pulsantes, ondeantes e fibradas, uma dinâmica bateria de pratos flamejantes,
explosivos e cintilantes, e timbalões retumbantes, acrobáticos e atordoantes, e
uma voz melódica, jovial, odorosa e messiânica que – perseguida e banhada por
um espectral, lustroso, ecoante e angelical coro vocal de natureza celestial –
completa na perfeição toda esta heroica epopeia pela admirável Corte de King
Gorm. Este é um álbum verdadeiramente fenomenal que me embrumara,
persuadira e deslumbrara do primeiro ao derradeiro minuto. Percam-se e
encontrem-se por entre as imersivas fábulas superiormente narradas por King
Gorm, e testemunhem toda a lapidar magnificência de um álbum inaudito que
resvala nas fronteiras da perfeição. Pressagia-se uma longa e apoteótica vida ao
reinado deste fantástico e deveras auspicioso quarteto californiano que tem em ‘King
Gorm’ uma estreia discográfica de sonho.
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