quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Review: ⚡ White Dog - 'White Dog' (2020) ⚡

★★★★

Proveniente da cidade de Austin (capital do estado norte-americano do Texas) chega-nos o perfumado, ensolarado e poeirento revivalismo do talentoso e refinado quinteto White Dog, com o seu muitíssimo ansiado álbum de estreia. Carimbado com a designação homónima e oficialmente lançado na segunda metade do passado mês de Setembro pela mão da histórica gravadora independente sediada em Londres Rise Above Records nos formatos físicos de CD e vinil (este último fragmentado em variadas edições de prensagens ultra-limitadas a parcas centenas de cópias disponíveis), ‘White Dog’ traz-nos toda a carismática autenticidade da música Rock fabricada nas douradas décadas de 1960 e 1970. Tingida de coloridas reminiscências eternizadas por distintas referências clássicas tais como The Allman Brothers Band, Captain Beyond, Lynyrd Skynyrd, Wishbone Ash, James Gang, Aaron Space, The Marshall Tucker Band, Black Oak Arkansas, Josefus, Quicksilver Messenger Service e Grateful Dead, a estival, primitiva, lasciva e rural sonoridade destes texanos apaixonados pela nostálgica era analógica passeia-se livre e graciosamente pelas verdejantes planícies de um aprumado, aliciante, contagiante e ornamentado Classic Rock com pitadas de um rústico Country Rock, um educado Blues Rock e ainda um tórrido Southern Rock. A sua musicalidade conjugada no pretérito, oxigenada pelos aromas primaveris e trajada a decoração vintage, causara em mim todo um imperturbável estádio de ofuscante deslumbramento, ou não fosse eu um incurável fanático pelo revivalismo dos géneros supracitados. Nas asas de duas guitarras soberbamente rendilhadas e magistralmente dedilhadas que se entrelaçam em majestosos, dialogantes, apaixonantes e charmosos acordes, e desenlaçam em solos trepidantes, ácidos, líricos e serpenteantes, um baixo murmurante de linhas ondeantes, magnéticas, estéticas e pulsantes, uma bateria libertina, acrobática e galopante de toque cintilante, polido, delicado e flamejante, e uma voz simpática, aristocrática e liderante, somos bronzeados, cativados e maravilhados pela elaborada tapeçaria de White Dog. Esta é uma obra bem-disposta, de esplendor pastoril e beleza consumada, que me forçara a reverenciá-la sem qualquer moderação. Um álbum de estirpe tradicionalista, gosto a purificante liberdade e inteiramente processado à minha imagem, forjado por uma banda que faz do passado, o seu presente e futuro. Um dos meus registos predilectos de 2020 está aqui, na gloriosa estreia destes cinco cowboys contemporâneos.

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