Proveniente da cidade
de Austin (capital do estado norte-americano do Texas) chega-nos
o perfumado, ensolarado e poeirento revivalismo do talentoso e refinado quinteto White
Dog, com o seu muitíssimo ansiado álbum de estreia. Carimbado com a designação
homónima e oficialmente lançado na segunda metade do passado mês de Setembro pela
mão da histórica gravadora independente sediada em Londres Rise Above
Records nos formatos físicos de CD e vinil (este último fragmentado em variadas
edições de prensagens ultra-limitadas a parcas centenas de cópias disponíveis), ‘White
Dog’ traz-nos toda a carismática autenticidade da música Rock fabricada
nas douradas décadas de 1960 e 1970. Tingida de coloridas reminiscências
eternizadas por distintas referências clássicas tais como The Allman
Brothers Band, Captain Beyond, Lynyrd Skynyrd, Wishbone
Ash, James Gang, Aaron Space, The Marshall Tucker Band,
Black Oak Arkansas, Josefus, Quicksilver Messenger Service
e Grateful Dead, a estival, primitiva, lasciva e rural sonoridade destes texanos
apaixonados pela nostálgica era analógica passeia-se livre e graciosamente
pelas verdejantes planícies de um aprumado, aliciante, contagiante e
ornamentado Classic Rock com pitadas de um rústico Country Rock, um
educado Blues Rock e ainda um tórrido Southern Rock. A sua
musicalidade conjugada no pretérito, oxigenada pelos aromas primaveris e trajada
a decoração vintage, causara em mim todo um imperturbável estádio de
ofuscante deslumbramento, ou não fosse eu um incurável fanático pelo
revivalismo dos géneros supracitados. Nas asas de duas guitarras soberbamente rendilhadas
e magistralmente dedilhadas que se entrelaçam em majestosos, dialogantes, apaixonantes
e charmosos acordes, e desenlaçam em solos trepidantes, ácidos, líricos e
serpenteantes, um baixo murmurante de linhas ondeantes, magnéticas, estéticas e
pulsantes, uma bateria libertina, acrobática e galopante de toque cintilante, polido,
delicado e flamejante, e uma voz simpática, aristocrática e liderante, somos
bronzeados, cativados e maravilhados pela elaborada tapeçaria de White Dog.
Esta é uma obra bem-disposta, de esplendor pastoril e beleza consumada, que me
forçara a reverenciá-la sem qualquer moderação. Um álbum de estirpe tradicionalista, gosto a purificante liberdade e inteiramente processado à minha imagem, forjado por uma banda que faz do
passado, o seu presente e futuro. Um dos meus registos predilectos de 2020 está
aqui, na gloriosa estreia destes cinco cowboys contemporâneos.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Rise Above Records
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