sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Review: ⚡ Needlepoint - 'Walking Up That Valley' (2021) ⚡

★★★★

Proveniente da cidade-capital norueguesa de Oslo chega-nos a revitalizante frescura nórdica do fino quarteto Needlepoint com o seu novo e quinto álbum debaixo dos braços. Oficialmente lançado hoje mesmo pela mão do influente selo discográfico de origem germânica Stickman Records sob a forma física de CD e vinil, ‘Walking Up That Valley’ irradia um melodioso, bucólico, estético e meloso Progressive Rock de carismático sotaque Canterbury’esco em alegre e dialogante consonância com um requintado, esplendoroso, envolvente e adornado Jazz Rock de odor vintage, e ainda um ensolarado, bem-disposto, contagiante e aromatizado Psychedelic Pop de coloração sessentista. A sua mágica sonoridade é lavrada, desabrochada e sulfatada por uma aura fabular de poder consolador – e inspiração subtraída a emblemáticas referências dos géneros tais como Emerson, Lake & Palmer, Genesis, Camel, Caravan, King Crimson e Soft Machine – que massaja e encanta o ouvinte com joviais, primaveris e estivais baladas que o inundam de uma castidade cristalina e florescem no seu imaginário todo um esverdeado, refrescante e arborizado tapete campesino, estriado por marulhantes riachos de águas translúcidas e vigidos por amplos céus manchados de um forte azul turquesa, que se desdobra na longínqua direcção de um Sol calmoso, profético e lustroso. Reinando em nós um inocente estádio da ausência de tempo e uma ligeira embriaguez que nos mantêm de sentidos anestesiados e apegados à delicada, fascinante e sublimada sonoridade de ‘Walking Up That Valley’, somos namorados e extasiados do primeiro ao derradeiro minuto por uma graciosa guitarra de cuidados, sensíveis e embelezados acordes superiormente caligrafados a perícia e volúpia, um baixo livremente ondeante de linhas murmurantes, fluídas, pensativas e magnetizantes, um fabuloso teclado de notas saltitantes, harmoniosas e magnificentes, uma bateria deliciosamente jazzística de toque cintilante, leve, polido e chamejante, e uma voz afável, diáfana e sedosa de tonalidade vaporosa, cantante e luminosa que sobrevoa de forma airosa os paradisíacos vales que decoram todo o álbum. Integralmente absorvidos, nutridos e reconfortados pela inefável doçura que Needlepoint destila, adormecemos num imperturbável e subterrâneo estado de sonhadora introspecção que nos embruma ao longo dos seus 42 minutos de duração. ‘Walking Up That Valley’ perfila-se como uma obra verdadeiramente arrebatadora. Percam-se e encontrem-se pelos meandros deste labiríntico jardim do Éden, e vivenciem com cega e devota sedução todo o esplendor deste registo magistral, pincelado a torrencial beleza, relaxada ternura e detalhada subtileza. Estamos seguramente na presença de um dos mais distintos álbuns do ano. Acalentem-se e deleitem-se nele.

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