Proveniente da
cidade-capital norueguesa de Oslo chega-nos a revitalizante frescura
nórdica do fino quarteto Needlepoint com o seu novo e quinto álbum debaixo dos
braços. Oficialmente lançado hoje mesmo pela mão do influente selo discográfico
de origem germânica Stickman Records sob a forma física de CD e vinil, ‘Walking
Up That Valley’ irradia um melodioso, bucólico, estético e meloso Progressive
Rock de carismático sotaque Canterbury’esco em alegre e
dialogante consonância com um requintado, esplendoroso, envolvente e adornado Jazz
Rock de odor vintage, e ainda um ensolarado, bem-disposto,
contagiante e aromatizado Psychedelic Pop de coloração sessentista.
A sua mágica sonoridade é lavrada, desabrochada e sulfatada por uma aura fabular de
poder consolador – e inspiração subtraída a emblemáticas referências dos
géneros tais como Emerson, Lake & Palmer, Genesis, Camel,
Caravan, King Crimson e Soft Machine – que massaja e encanta o
ouvinte com joviais, primaveris e estivais baladas que o inundam de uma
castidade cristalina e florescem no seu imaginário todo um esverdeado,
refrescante e arborizado tapete campesino, estriado por marulhantes riachos de
águas translúcidas e vigidos por amplos céus manchados de um forte azul turquesa, que se desdobra na longínqua direcção de um Sol calmoso,
profético e lustroso. Reinando em nós um inocente estádio da ausência de tempo
e uma ligeira embriaguez que nos mantêm de sentidos anestesiados e apegados à delicada,
fascinante e sublimada sonoridade de ‘Walking Up That Valley’,
somos namorados e extasiados do primeiro ao derradeiro minuto por uma graciosa guitarra
de cuidados, sensíveis e embelezados acordes superiormente caligrafados a perícia
e volúpia, um baixo livremente ondeante de linhas murmurantes, fluídas, pensativas
e magnetizantes, um fabuloso teclado de notas saltitantes, harmoniosas e magnificentes,
uma bateria deliciosamente jazzística de toque cintilante, leve, polido
e chamejante, e uma voz afável, diáfana e sedosa de tonalidade vaporosa, cantante
e luminosa que sobrevoa de forma airosa os paradisíacos vales que decoram todo
o álbum. Integralmente absorvidos, nutridos e reconfortados pela inefável
doçura que Needlepoint destila, adormecemos num imperturbável e
subterrâneo estado de sonhadora introspecção que nos embruma ao longo dos seus
42 minutos de duração. ‘Walking Up That Valley’ perfila-se como uma obra
verdadeiramente arrebatadora. Percam-se e encontrem-se pelos meandros deste labiríntico
jardim do Éden, e vivenciem com cega e devota sedução todo o esplendor deste registo magistral, pincelado
a torrencial beleza, relaxada ternura e detalhada subtileza. Estamos seguramente
na presença de um dos mais distintos álbuns do ano. Acalentem-se e deleitem-se nele.
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