O intoxicante
quarteto polaco Dopelord acaba de lançar o EP ‘Reality Dagger’
através do formato digital e sob a forma física de CD e vinil (este último de
prensagem limitada ao stock de 666 cópias existentes) com o carimbo editorial
do seu selo discográfico caseiro Green Plague. Mantendo intocável o Ethos
que caracteriza toda a vasta discografia da turma sediada na cidade-capital de Varsóvia,
este novo registo rosna um fumarento, demoníaco, narcótico e bafiento Stoner-Doom
de espessa nebulosidade esverdeada que se enlameia na trevosa liturgia de Black
Sabbath e na diabólica radiação de Electric Wizard. A sua sonoridade
intrigante, esmagadora, dominadora e impactante arrasta-se pesada e
vagarosamente por entre os escombros de uma angustiante, misantrópica e
distópica paisagem sobrevoada por uma fantasmagórica névoa perniciosa. De olhar
semi-selado, semblante anestesiado, e espírito prostrado somos dissolvidos e soterrados
numa abissal, profana e infernal negrura que nos ceifa a lucidez e infesta de
uma febril embriaguez. Na composição desta mastodôntica, impiedosa e
psicotrópica avalanche sonora, estão duas guitarras profanas que hasteiam carregados,
hipnóticos, despóticos e tenebrosos Riffs chamejados a ronronante
distorção e untados a oleoso THC, e gritam alucinados, efervescentes, erodentes
e endiabrados solos temperados a caótica e penetrante acidez, um umbroso baixo
de reverberação pujante, tensa, densa e troante, uma bateria inflamada de
ritmicidade reinante, impetuosa, vigorosa e relampejante, e ainda uma voz ecoante,
espectral, etérea e cintilante – que pontualmente se enfurece e enlouquece num rugido cavernoso, sangrento, escarpado e gutural – que nos faroliza nas vertiginosas funduras desta intensa e inesgotável escuridão. De
destacar ainda os chamativos artwork e layout fortemente inspirados na terrífica obra
cinematográfica de 1977 “Suspiria” (realizada pelo carismático realizador italiano Dario Argento) e de créditos apontados ao ilustrador polaco Paweł
"Miodek" Mioduchowski, que trajam e maquilham na perfeição toda esta marcante
obra de curta duração mas prolongada ressaca. São 22 minutos fatiados em três temas e integralmente
assombrados por uma insondável ambiência de feições vampíricas e apocalípticas que nos
profanam a alma e eclipsam a religiosidade. Encarvoem-se na fuliginosa pretura
de ‘Reality Dagger’, e comunguem de forma absorvida, submissa e embevecida todo o seu perverso e aliciante ritual de orientação e adoração pagãs. Não vai ser nada fácil quebrar este feitiço.
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