quinta-feira, 18 de março de 2021

Review: ⚡ a/lpaca - 'Make It Better' (2021) ⚡

★★★★

A jovem e destemida banda italiana a/lpaca está na iminência de lançar o seu exótico álbum de estreia ‘Make It Better’ pela mão da prolífica e insuspeita editora discográfica germânica Sulatron Records através dos formatos físicos de CD e vinil (ambos limitados à prensagem de apenas 500 cópias disponíveis para venda). Com o nascimento oficial e integral do seu primeiro trabalho calendarizado para o dia de amanhã (19 de Março), este auspicioso quarteto sediado na pequena cidade de Mântua descarna e entrelaça um colorido, efervescente e delirado Garage-Psych num imersivo, hipnótico e obsessivo Krautrock, e ainda num galopante, eufórico e alucinante Post-Punk, originando assim todo um explosivo curto-circuito que nos assalta e electrifica do primeiro ao último minuto. Edificando no imaginário do ouvinte um psicadélico Beat-Club resgatado do boémio território sessentista, repleto de corpos suados, sorrisos desabrochados e pupilas dilatadas, a provocante, afrodisíaca e contagiante musicalidade de ‘Make It Better’ embala-nos na vertigem de uma caleidoscópica, alucinógena e selvática hipnose sem escapatória possível. Conseguem fantasiar uma fusão entre CAN, Joy Division e King Gizzard & The Lizard Wizard? Se sim, alcançaram este espaço recreativo de transbordantes libertação, rebeldia e diversão. Embriagados e compenetrados numa inesgotável dança primitiva – resposta instintiva em consequência da exposição à elevada toxicidade de a/lpaca – somos aspirados e canalizados pela desdobrável e interminável escadaria em espiral de um poderoso vórtice que nos entontece os sentidos. São 42 minutos integralmente saturados de uma absorvente narcose oxigenada por uma guitarra astral de serpenteantes bailados distorcidos a fogosa, lustrosa e fantasmagórica acidez, um baixo insistente de linhas empoladas, espessas e torneadas, um cósmico sintetizador de desgovernado experimentalismo que perscruta o espaço alienígena, uma estonteante bateria metralhada a ritmicidade emancipadora, incansável e enlouquecedora, e ainda uma voz avinagrada, diabrina e robotizada que capitaneia toda esta fantástica odisseia pelo enigmático universo de ‘Make It Better’. Este é um álbum verdadeiramente aparatoso e irreverente – nutrido a uma agitada, intrigante e embriagada euforia – que nos atesta de fascinação e a ele atrela toda a nossa atenção. Um registo estranha e intensamente viciante que certamente não deixará ninguém indiferente. Dificilmente esta formação italiana conseguiria ter uma estreia mais impactante. Mergulhem nos abismos siderais de a/lpaca e vivenciem com total submissão todo o seu eruptivo empolgamento.

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