segunda-feira, 29 de março de 2021

Review: ⚡ Spliffripper - 'Spliffripper' (2021) ⚡

★★★★

Proveniente da cidade de Kalispell – inserida no estado de Montana, EUA – chega-nos a psicotrópica, esverdeada e demoníaca exalação nasalada pelo tridente Spliffripper com o seu impactante álbum de estreia. De designação homónima e lançado muito recentemente pela mão do selo norte-americano Desert Records sob a forma digital e ainda numa ultra-limitada edição de 50 cópias em formato físico de CD, ‘Spliffripper’ vem fervido num pegajoso, fumegante, intoxicante e montanhoso Stoner Doom encrostado por um vulcânico, resinoso, enérgico e fogoso Sludge Metal que inflamam e atordoam o ouvinte do primeiro ao derradeiro minuto. A sua sonoridade tremendamente massiva, ácida e intrusiva – lubrificada a óleo de canabidiol e que aponta influências a vultosas referências do género tais como Bongzilla, Belzebong e Weedeater – perpetua-nos num profundo estádio de sedada euforia. De pálpebras semi-cerradas, narinas dilatadas e cabeça pesadamente balanceada de ombro em ombro, somos efervescidos e soterrados numa intensa narcose que nos alcooliza e emudece os sentidos. Na fórmula desta monolítica avalanche impregnada de THC (acrónimo de tetra-hidrocanabinol, perfila-se uma dominante guitarra Tony Iommi’esca de imponentes, tenebrosos, fogosos e contundentes Riffs, distorcidos a um urticante, escaldado e crocante efeito Fuzz, e de onde são destilados gritantes, alucinados, esvoaçados e borbulhantes solos, um corpulento baixo bafejado a linhas inchadas, obesas, coesas e pesadas, uma trovejante, robusta e provocante bateria detonada a intensa explosividade, e ainda uma voz de tonalidade abrasiva, fragosa, gutural e agressiva. ‘Spliffripper’ é um poderoso narcótico de ingestão auditiva que nos subtrai a lucidez e atesta de uma xamânica embriaguez. São 40 minutos integralmente sulfatados e saturados de tóxica, fumarenta, bafienta e maléfica radiação. Cambaleiem de orientação aturdida e embaciada pela ténue linha fronteiriça que separa a febril euforia da doce lisergia, e experienciem com total absorção um dos registos sonoros mais hipnóticos, nebulosos e psicotrópicos desenraizados até ao momento no fresco solo de 2021. Amortalhem-se e intoxiquem-se nele.

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