Proveniente da cidade de Kalispell
– inserida no estado de Montana, EUA – chega-nos a psicotrópica,
esverdeada e demoníaca exalação nasalada pelo tridente Spliffripper com
o seu impactante álbum de estreia. De designação homónima e lançado muito
recentemente pela mão do selo norte-americano Desert Records sob a forma
digital e ainda numa ultra-limitada edição de 50 cópias em formato físico de CD,
‘Spliffripper’ vem fervido num pegajoso, fumegante, intoxicante e
montanhoso Stoner Doom encrostado por um vulcânico, resinoso, enérgico e
fogoso Sludge Metal que inflamam e atordoam o ouvinte do primeiro ao
derradeiro minuto. A sua sonoridade tremendamente massiva, ácida e intrusiva – lubrificada
a óleo de canabidiol e que aponta influências a vultosas referências do género
tais como Bongzilla, Belzebong e Weedeater – perpetua-nos
num profundo estádio de sedada euforia. De pálpebras semi-cerradas, narinas
dilatadas e cabeça pesadamente balanceada de ombro em ombro, somos efervescidos
e soterrados numa intensa narcose que nos alcooliza e emudece os sentidos. Na
fórmula desta monolítica avalanche impregnada de THC (acrónimo de tetra-hidrocanabinol,
perfila-se uma dominante guitarra Tony Iommi’esca de imponentes,
tenebrosos, fogosos e contundentes Riffs, distorcidos a um urticante,
escaldado e crocante efeito Fuzz, e de onde são destilados gritantes,
alucinados, esvoaçados e borbulhantes solos, um corpulento baixo bafejado a
linhas inchadas, obesas, coesas e pesadas, uma trovejante, robusta e provocante
bateria detonada a intensa explosividade, e ainda uma voz de tonalidade abrasiva,
fragosa, gutural e agressiva. ‘Spliffripper’ é um poderoso
narcótico de ingestão auditiva que nos subtrai a lucidez e atesta de uma
xamânica embriaguez. São 40 minutos integralmente sulfatados e saturados de tóxica, fumarenta, bafienta e maléfica radiação.
Cambaleiem de orientação aturdida e embaciada pela ténue linha fronteiriça que separa a febril
euforia da doce lisergia, e experienciem com total absorção um dos registos sonoros mais hipnóticos, nebulosos e psicotrópicos desenraizados até ao momento no fresco solo de 2021.
Amortalhem-se e intoxiquem-se nele.
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