sexta-feira, 9 de abril de 2021

Review: ⚡ Heavy Feather - 'Mountain of Sugar' (2021) ⚡

★★★★

Da cidade-capital Estocolmo chega-nos a doce, estética e carismática fragância de essência revivalista brilhantemente desenvolvida pelo quarteto sueco Heavy Feather com a apresentação do seu muito aguardado segundo trabalho de longa duração. Oficialmente lançado hoje mesmo pela mão da influente discográfica nórdica The Sign Records em formato digital e sob a forma física de CD e vinil, ‘Mountain of Sugar’ vem chamejado e condimentado por um ostentoso, lubrificado, açucarado e melodioso Blues-Rock de roupagem vintage que ocasionalmente se maquilha e metamorfoseia num picante, lascivo, convidativo e dançante Boogie-Rock. De inspiração resgatada aos saudosos 60’s e 70’s onde se notabilizaram vultosas referências do género como Cream, Taste, Stevie Ray Vaughan, Free, Cactus e Lynyrd Skynyrd, e com um forte grau de parentesco com bandas contemporâneas tais como Siena Root, Blues Pills, Radio Moscow, DeWolff, Wucan e Three Seasons, a fogosa, afrodisíaca e majestosa sonoridade deste talentoso colectivo escandinavo equilibra-se e envaidece-se por entre relaxantes, idílicas, românticas e reconfortantes baladas climatizadas a inefável doçura, e euforizantes, inflamadas, destravadas e alucinantes cavalgadas locomovidas à rédea solta. Tricotado por uma guitarra luxuosa que se manifesta em excitantes, magnéticos, eróticos e deslumbrantes Riffs de onde são vertidos e gritados lustrosos, ácidos, trepidantes e sinuosos solos, bafejado por um baixo pulsante de linhas inchadas, densas, tensas e torneadas, tiquetaqueado por uma bateria de ritmicidade cuidada, diligente, envolvente e desembaraçada, e ensolarado por uma caramelizada, vistosa, portentosa e encorpada voz de feição felina que evoca o espírito Soul da icónica Janis Joplin, este excepcional ‘Mountain of Sugar’ vem embrulhado numa irresistível formusura de conteúdo impróprio para diabéticos. De olhar semi-selado, boca salivada, semblante rosado, sorriso golpeado no rosto e espírito inteiramente embrumado por um ofuscante estádio de pura satisfação, somos enfeitiçados, embevecidos e cortejados pela transbordante sensualidade que a apetitosa musicalidade de Heavy Feather transpira por todos os seus poros. Este é um álbum verdadeiramente magistral, de simetria aprumada e beleza consumada, que preenchera a profunda barragem de expectativas a ele previamente dedicadas. Uma obra simultaneamente delicada, ternurenta, atiçada e turbulenta que tanto nos absorve num embriagado encantamento, como revolve num vulcânico empolgamento. Prazenteiem-se, incendeiem-se e viciem-se neste meloso e montanhoso néctar de ingestão auditiva, e vivenciem com inesgotável fascinação e imediata veneração um dos registos mais requintados do ano.

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