Superando os tempos turbulentos que enegreceram as suas vidas pessoais – e que,
consequentemente, acabariam por colocar também à prova os alicerces que
hasteiam a vitalidade da banda –, os budistas germânicos My Sleeping Karma
desaguam finalmente nas bonanceiras águas de ‘Atma’, onde expurgam
e curam as suas almas, e daà resulta a endeusada criação de um dos trabalhos
mais sublimes e inspiradores da sua já respeitável discografia. Lançado muito
recentemente nos formatos LP, CD e digital através da influente discográfica
austrÃaca Napalm Records, este sexto álbum de estúdio simboliza o tão
desejado regresso – e numa forma invejável, devo antecipar – desta largamente estimada
formação alemã. Recorrendo uma vez mais à fórmula musical que os celebrizara,
estes druidas celebram uma nova liturgia espiritual onde o meditativo, transformador,
reparador e imaginativo Post-Rock de terapêutico aroma oriental – aliado
a temperos de um arejado Space Rock e um mântrico Psychedelic Rock
– é o elemento catalisador essencial. A sua sonoridade incensada evolui de obscuros,
pesados e fatÃdicos estados que nos travam a respiração e inundam o olhar de
lágrimas, para preclaros, desanuviados e paradisÃacos céus saturados de uma
luzência esperançosa que nos devolve o sorriso e desperta para uma poderosa e
contagiosa revolução consciencial. De pálpebras tombadas, corpos baloiçados, chakras
alinhados, zonas erógenas do cérebro massajadas, e em suspenso num etéreo estado
de ofuscante deslumbramento sensorial, somos sedados e embalados num mÃstico, catártico
e absorvente groove de estÃmulo perceptual que nos conduz ao tão almejado
nirvana. Da sombreada prostração à ensolarada libertação obedecemos a um guia
espiritual que nos é ofertado pelos My Sleeping Karma, cumprindo a
dissolução do Ego, a transgressão fÃsica, pensamentos de calma, paz e pureza, e
– assim – alcançando a verdade superior e a ulterior compreensão da vida. Gravitado
numa afrodisÃaca simbiose instrumental – onde dialogam uma guitarra messiânica
de ajardinados acordes desenhados a incessante beatitude e desarmante
sensibilidade, um baixo pulsante de bafo quente, fluÃdo e ondeante, uma bateria
tribal de ritmos imersivos, criativos e estimulantes, e um quimérico sintetizador
que borrifa toda esta onÃrica atmosfera com poeira estelar – ‘Atma’
encerra uma purificante hipnose de celebração hinduÃsta que nos converte
prontamente em seus devotos discÃpulos. Uma verdadeira ode à resiliência. É relevante,
ainda, apontar os holofotes ao primoroso artwork que contém uma mensagem
de premência e importância cruciais, superiormente ilustrador pelo talentoso
alemão Sebastian Jerke. Está assim encontrado o antÃdoto sonoro para desmoronar
o zeitgeist que domina os nossos tempos, e fazer florescer dos escombros
um epidémico sentimento que congregue esperança, amor, beleza e força. Mal
posso esperar por comungá-lo ao vivo no emblemático festival SonicBlast
que se aproxima, felizmente, a passos apressados.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Napalm Records
2 comentários:
Os MSK têm como base a filosofia Hindu, não Budista.
"It's not a religious thing that inspires us. We create music in our rehearsal room. It's the music we want to play. We just jam. The buddhism and hinduism stuff come later." - Seppi (MSK)
As duas filosofias (Hindu e Budista) estão presentes em MSK.
Enviar um comentário