Dois anos
volvidos após a apresentação do seu fantástico EP ‘Feathered Serpent /
Death Hand’ (aqui escalpelizado e devidamente reverenciado), o irreverente
quinteto Grave Bathers sai novamente da catacumba com o seu muitíssimo
aguardado álbum de estreia ‘Rock ‘N' Roll Fetish’ debaixo do braço. Lançado pela
companhia discográfica Seeing Red Records através dos formatos digital e
LP (este último de prensagem bifurcada em duas edições coloridas e ultra-limitadas),
o tão ansiado primeiro registo de longa duração da banda fixada na populosa
cidade de Filadélfia (Pensilvânia, EUA) vem assombrado por
um intrigante, trevoso, monstruoso e atemorizante Proto-Doom de negrura
e diabrura Black Sabbath’icas, electrificado por um efervescente,
tóxico, vulcânico e erodente Heavy Psych de escaldante acidez vomitada à boa moda
de Witch, e dançado por um fumegante, apimentado, lubrificado e
provocante Heavy Blues que ricocheteia entre a brilhante tonalidade Led
Zeppelin’eana e a musculatura garage de uns Blue Cheer.
A sua sonoridade enigmática, draconiana e camaleónica metamorfoseia-se da sangrenta
crueza ao ofuscante requinte, da colérica revolta à mais pálida placidez, do
mastodôntico peso à mais vaporosa leveza, da melancólica prostração à mais
vertiginosa locomoção. ‘Rock ‘N' Roll Fetish’ é uma desvairada,
alucinante e endiabrada montanha-russa em forma de pentagrama, carburada a
psicótica e escaldante perversão. Emporcalhem-se nas ímpias lavaredas de Grave Bathers
à boleia infernal de duas guitarras siamesas, revestidas de maquilhagem gótica e inflamadas em Fuzz
crepitoso, que hasteiam bem alto Riffs obsessivos, carnudos, sisudos e
invasivos, e redemoinham tremulantes, escorregadios, luzidios e esvoaçantes solos,
um baixo inquisidor de bafo hipnótico, tenso, apodrecido e esotérico, uma imperativa
bateria escoiceada a um ritmo incisivo, enérgico, bombástico e altivo, e ainda
de vampíricos vocais de indiscreta inspiração Alice Cooper e pele cadavérica,
bolorenta, enregelada e pervertida. O expressivo artwork que tão bem combina
com a pestilenta, vil e gordurenta sonoridade do álbum é da autoria do
ilustrador nova-iorquino Benjamin Marra. São 82 minutos inundados de pesada,
críptica e ritualística obscuridade – condimentada a paranoia bruxuleante e
depravação incessante – que nos assola sem o mais pequeno vestígio de misericórdia.
Um dos meus álbuns favoritos do presente ano está aqui, na maléfica e selvática pujança de Grave
Bathers. Encarvoem-se e profanem-se nele.
Links:
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➥ Seeing Red Records
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