terça-feira, 20 de setembro de 2022

Review: ⚰️ Grave Bathers - 'Rock 'N' Roll Fetish' (2022) ⚰️

★★★★

Dois anos volvidos após a apresentação do seu fantástico EP ‘Feathered Serpent / Death Hand’ (aqui escalpelizado e devidamente reverenciado), o irreverente quinteto Grave Bathers sai novamente da catacumba com o seu muitíssimo aguardado álbum de estreia Rock ‘N' Roll Fetish’ debaixo do braço. Lançado pela companhia discográfica Seeing Red Records através dos formatos digital e LP (este último de prensagem bifurcada em duas edições coloridas e ultra-limitadas), o tão ansiado primeiro registo de longa duração da banda fixada na populosa cidade de Filadélfia (Pensilvânia, EUA) vem assombrado por um intrigante, trevoso, monstruoso e atemorizante Proto-Doom de negrura e diabrura Black Sabbath’icas, electrificado por um efervescente, tóxico, vulcânico e erodente Heavy Psych de escaldante acidez vomitada à boa moda de Witch, e dançado por um fumegante, apimentado, lubrificado e provocante Heavy Blues que ricocheteia entre a brilhante tonalidade Led Zeppelin’eana e a musculatura garage de uns Blue Cheer. A sua sonoridade enigmática, draconiana e camaleónica metamorfoseia-se da sangrenta crueza ao ofuscante requinte, da colérica revolta à mais pálida placidez, do mastodôntico peso à mais vaporosa leveza, da melancólica prostração à mais vertiginosa locomoção. ‘Rock ‘N' Roll Fetish’ é uma desvairada, alucinante e endiabrada montanha-russa em forma de pentagrama, carburada a psicótica e escaldante perversão. Emporcalhem-se nas ímpias lavaredas de Grave Bathers à boleia infernal de duas guitarras siamesas, revestidas de maquilhagem gótica e inflamadas em Fuzz crepitoso, que hasteiam bem alto Riffs obsessivos, carnudos, sisudos e invasivos, e redemoinham tremulantes, escorregadios, luzidios e esvoaçantes solos, um baixo inquisidor de bafo hipnótico, tenso, apodrecido e esotérico, uma imperativa bateria escoiceada a um ritmo incisivo, enérgico, bombástico e altivo, e ainda de vampíricos vocais de indiscreta inspiração Alice Cooper e pele cadavérica, bolorenta, enregelada e pervertida. O expressivo artwork que tão bem combina com a pestilenta, vil e gordurenta sonoridade do álbum é da autoria do ilustrador nova-iorquino Benjamin Marra. São 82 minutos inundados de pesada, críptica e ritualística obscuridade – condimentada a paranoia bruxuleante e depravação incessante – que nos assola sem o mais pequeno vestígio de misericórdia. Um dos meus álbuns favoritos do presente ano está aqui, na maléfica e selvática pujança de Grave Bathers. Encarvoem-se e profanem-se nele.

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