segunda-feira, 6 de março de 2023

Review: 🐎 Westing - 'Future' (2023) 🐎

★★★★

Florescidos das cinzas de Slow Season, os californianos rebatizados de Westing (curiosamente o nome dado ao último álbum do quarteto enquanto Slow Season) e com a sua formação renovada (a mesma conta agora com o influente contributo de Ben McLeod, guitarrista dos carismáticos All Them Witches) acabam de apresentar o seu primeiro álbum intitulado ‘Future’ e carimbado pelo insuspeito selo da editora discográfica, sua conterrânea, RidingEasy Records nos formatos LP, CD e digital. De texanas empoeiradas, esporas prateadas, coldre desapertado e chapéu de aba larga a sombrear o brilho de um olhar determinado, estes quatro cowboys de instrumentos empunhados trilham as arenosas artérias de um arejado deserto – onde se debruça sobre as montanhas que recortam o inalcançável horizonte um Sol dourado de bafo morno, aureolado por um imenso céu inundado de um azul diamantino – a trote de um radioso, ritmado, apimentado e fogoso Blues Rock de contagiante balanço boogie e aristocrático sotaque Led Zeppelin’esco. A sua sonoridade de pele bronzeada, suada, de aragem límpida e borrifada por uma doce fragância vintage, meneia-se envaidecida e graciosamente pelos nove temas rústicos, de fácil digestão e pronta sedução, que ajardinam o granuloso solo deste agradável disco, incitando o ouvinte a comungá-la de olhar selado e sonhador, sorriso talhado no rosto e corpo serpenteante. Encandeados e inebriados pela intensa e prismática luzência que norteia toda a extensão de ‘Future’, desembaraçamo-nos com dificuldade e a passo combalido das baloiçantes portas do Saloon e pulamos de pernas arqueadas para as costas de um cavalo, vagueando sem destino pelas idílicas planícies de clima primaveril que se distendem até onde a vista pode alcançar. Na composição deste apaixonante Western soberbamente musicado estão duas guitarras lascivas que se embrulham numa enleante dança de onde esvoaçam dançantes, oleados, bem-humorados e enfeitiçantes Riffs e ziguezagueiam estonteantes, virtuosos, odorosos e deslumbrantes solos, um baixo gingão de reverberação gelatinosa, flexível, encaracolada e umbrosa, uma bateria deliciosamente groovy que se move num galope desembaraçado, magnetizante, animado e excitante, e ainda uma voz felina, ensolarada, encerada e jovial que confere toda uma elegância extra a esta desarmante obra de inegável beleza. São 40 minutos de uma relaxada cavalgada pelas alaranjadas, quentes e acetinadas areias de um deserto que se estende pela infinidade fora. Um verdejante oásis de brisas refrescantes e águas marulhantes onde nos é permito sonhar acordados. Aventurem-se e desventurem-se pelos edénicos territórios de Westing, e experienciem com inquebrável devoção e imoderada comoção um dos álbuns mais reconfortantes deste inverno.

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