Florescidos
das cinzas de Slow Season, os californianos rebatizados de Westing
(curiosamente o nome dado ao último álbum do quarteto enquanto Slow Season)
e com a sua formação renovada (a mesma conta agora com o influente contributo
de Ben McLeod, guitarrista dos carismáticos All Them Witches) acabam de
apresentar o seu primeiro álbum intitulado ‘Future’ e carimbado pelo insuspeito selo da editora discográfica,
sua conterrânea, RidingEasy Records nos formatos LP, CD e digital. De
texanas empoeiradas, esporas prateadas, coldre desapertado e chapéu de aba
larga a sombrear o brilho de um olhar determinado, estes quatro cowboys
de instrumentos empunhados trilham as arenosas artérias de um arejado deserto –
onde se debruça sobre as montanhas que recortam o inalcançável horizonte um Sol
dourado de bafo morno, aureolado por um imenso céu inundado de um azul
diamantino – a trote de um radioso, ritmado, apimentado e fogoso Blues Rock
de contagiante balanço boogie e aristocrático sotaque Led Zeppelin’esco.
A sua sonoridade de pele bronzeada, suada, de aragem límpida e borrifada por uma doce
fragância vintage, meneia-se envaidecida e graciosamente pelos nove
temas rústicos, de fácil digestão e pronta sedução, que ajardinam o granuloso solo deste agradável disco,
incitando o ouvinte a comungá-la de olhar selado e sonhador, sorriso talhado no
rosto e corpo serpenteante. Encandeados e inebriados pela intensa e prismática luzência
que norteia toda a extensão de ‘Future’, desembaraçamo-nos com dificuldade e a passo combalido das baloiçantes portas do Saloon e pulamos de pernas
arqueadas para as costas de um cavalo, vagueando sem destino pelas idílicas planícies
de clima primaveril que se distendem até onde a vista pode alcançar. Na
composição deste apaixonante Western soberbamente musicado estão duas guitarras lascivas
que se embrulham numa enleante dança de onde esvoaçam dançantes, oleados,
bem-humorados e enfeitiçantes Riffs e ziguezagueiam estonteantes, virtuosos,
odorosos e deslumbrantes solos, um baixo gingão de reverberação gelatinosa, flexível,
encaracolada e umbrosa, uma bateria deliciosamente groovy que se move num galope desembaraçado, magnetizante,
animado e excitante, e ainda uma voz felina, ensolarada, encerada e jovial que
confere toda uma elegância extra a esta desarmante obra de inegável beleza. São
40 minutos de uma relaxada cavalgada pelas alaranjadas, quentes e acetinadas
areias de um deserto que se estende pela infinidade fora. Um verdejante oásis
de brisas refrescantes e águas marulhantes onde nos é permito sonhar acordados.
Aventurem-se e desventurem-se pelos edénicos territórios de Westing, e
experienciem com inquebrável devoção e imoderada comoção um dos álbuns mais reconfortantes
deste inverno.
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➥ RidingEasy Records
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