Findado um
jejum discográfico de sete anos – principiado na ressaca do lançamento de ‘The
Occultation Of Light’ (análise aqui) – o fascinante quinteto
californiano, sediado na cidade de Oakland, descortina agora o seu tão
ansiado novo álbum, intitulado ‘Through The Hourglass’ e editado pela RidingEasy
Records através dos formatos fÃsicos de LP e CD. Edificando uma ponte revivalista
que liga os universos progressivos britânico (onde comunga a influência de
bandas como Pink Floyd, Camel, YES, Genesis, Van Der
Graaf Generator e King Crimson) e italiano (onde se perscrutam ecos
de clássicas referências como Premiata Forneria Marconi, Banco del
Mutuo Soccorso, Le Orme, Museo Rosenbach, Goblin e Reale
Accademia di Musica), a profética, balsâmica e magnânima sonoridade de ‘Through
The Hourglass’ passeia-se envaidecida e graciosamente pelos frondosos
jardins de um dramático, pomposo, lustroso e quimérico Prog Rock de adornada
moldura vintage, que se embruma num reflexivo, mÃstico, onÃrico e lenitivo Psychedelic
Rock com vista desabrigada para a deslumbrante noite cósmica. Absorvidos
neste frágil e etéreo sonho acordado que evoca a doce nostalgia e nos viaja –
sonâmbulos – nas asas do tempo, embarcamos numa fantástica odisseia pelos infindáveis
oceanos do Cosmos. Velejando águas pacÃficas e surfando ocasionais ondas monolÃticas,
atravessamos os diferentes climas que oxigenam esta inspiradora e sublimada obra
de Mondo Drag. Uma perfumada, suavizante e texturizada brisa sonora que
nos embevece, adormece e iça as velas da imaginação. Baloicem os vossos corpos
à prazerosa boleia de duas guitarras dançantes que se entrançam na ascensão de imperiosos,
sedutores e ostentosos riffs e destrançam na superior condução de solos
esvoaçantes, ácidos e serpenteantes, uma mágica profusão de teclados que orvalham
toda a atmosfera encantada do álbum com uma cósmica liturgia de onde sobressaem
majestosos, polposos e coloridos mugidos, e todo um efervescente experimentalismo
sónico de natureza alienÃgena, um baixo de forte presença que reverbera linhas
obesas, coesas e ondeantes, uma bateria jazzÃstica de ritmos requintados que se
equilibram por entre a cintilante delicadeza e a flamejante rudeza, e uma trovadora
voz de pele delicada, melodiosa e adocicada que faroliza com apurado lirismo
toda esta admirável jornada pelas lampejantes fornalhas estelares que
incendeiam a negrura sideral. São 40 minutos de um ofuscante brilho que nos
transporta aos domÃnios do tão almejado nirvana. ‘Through The Hourglass’
é um registo piramidal, do tamanho da minha grandiosa expectativa a ele
dedicada. Um álbum intensamente enfeitiçante, dedicado a todos aqueles que não têm receio de
sonhar sem fronteiras e se aventurar para lá do lado eclipsado da Lua. Vai ser
demasiado fácil reencontrá-lo perfilado entre os álbuns mais medalhados de 2023. Mistifiquem-se
nele.
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