Da cidade
costeira de Perth – capital da Austrália ocidental – chega-nos ‘Birds
Nest’, o apaixonante álbum de estreia de The Bures Band, editado a
três mãos pelas companhias discográficas Cardinal Fuzz (encarregue da
distribuição na Europa e Reino Unido), Echodelick Records (responsável
pela distribuição nos EUA) e We, Here & Now (a operar a distribuição
no Canadá) em formato vinil. Nidificado nos folhentos ramos de clássicas influências como Creedence
Clearwater Revival, Canned Heat, Crosby, Stills, Nash & Young,
Grateful Dead e Relatively Clean Rivers, este primeiro álbum do
jovem quinteto australiano, que faz do passado o seu presente e – espero eu –
futuro, passeia-se livre e harmoniosamente pelas verdejantes e arejadas planÃcies
de um odoroso, rústico, bucólico e radioso Folk Rock de clima primaveril,
pelos arenosos e bronzeados desertos de um caseiro, idÃlico, jovial e aventureiro Country Rock de moldura Western,
e ainda pelas edénicas praias de um rural, meloso, lustroso e estival Psychedelic
Rock de brilho west-coast e coloração caleidoscópica. A sua
sonoridade enternecedora, leve, relaxante e sonhadora, produzida de forma
analógica e tingida a doce nostalgia, convida-nos a observar – através de um
filtro sépia no velho formato cinematográfico de 16 mm – todo o seráfico
esplendor da natureza virginal, sobrevoando ajardinados campos estriados por
marulhantes riachos de águas refrescantes e cantarolados pelo alegre chilrear
dos pássaros, tapetes de areia dourada que se distendem por entre rochas
argilosas e imponentes cactos que se espreguiçam na direcção dos céus
desanuviados, e toda a incomensurável vastidão de um oceano de tintura
azul-turquesa, suspiros salgados, fragância pelágica e gaivotas grasnantes. Um
paraÃso naturista, de beleza intimista e aura revivalista, soberbamente musicado
por três guitarras que se entrançam e florescem acordes harmoniosos, agradáveis
e deleitosos, um baixo de swing dançante, morno e ondeante, uma bateria de
galope simplista, simétrico e estimulante, uma flauta de serpenteados,
aveludados e romanescos sopros, e vocais sedosos, melodiosos e joviais. De
sorriso desabrochado no rosto, olhar pavimentado por uma imperturbável expressão
sonhadora, cabeça baloiçante e ombros saltitantes vivenciamos uma sensação de
pleno bem-estar que em nós habita do primeiro ao derradeiro tema. São 38 minutos
farolizados por uma candura que nos seduz e conduz a uma nirvânica época de amor
e paz. ‘Birds Nest’ é um álbum verdadeiramente encantador, detentor de
um carisma vintage que me conquistara sem demoras. Um vistoso arco-Ãris de boas
sensações. Deixem-se cortejar pela pureza, doçura e gentileza de The Bures
Band, e inspirem toda a beatitude sonora de um dos meus registos favoritos
do ano. Quero viver neste álbum para sempre.
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