Da cidade
germânica de Paderborn chega-nos o inflamante EP de estreia do jovem, mas
muito auspicioso, quinteto Orbitron. Denominado ‘Cassini’ e lançado
no final do passado mês de Outubro sob a exclusiva forma digital, este primeiro
passo discográfico da turma alemã – que aponta os seus instrumentos ao domínio
astral – é sobreaquecido por um bombástico, arenoso, fogoso e desértico Heavy
Psych, viajado por um imersivo, sónico, catatónico e explorativo Space
Rock, e enfeitiçado por um contagiante, hipnótico, robótico e dançante Krautrock.
Partilhando o ADN musical de outras bandas, suas conterrâneas, tais como Rotor,
Iguana, Typhaon, Elara, Space Raptor, Nap, Wired
Mind, Space Invaders, Trail e Hazeshuttle, os Orbitron
embalam os seus ouvintes numa vertiginosa propulsão que os desenraíza da atmosfera
terrestre, emancipa a consciência e mergulha na negra boca do Cosmos. Sobrevoando
a cascuda atmosfera marciana, driblando a ossuda cintura de asteroides, rejeitando
o asfixiante abraço gravitacional do colossal Júpiter e surfando os anéis de
Saturno, exploramos e alcançamos tudo aquilo que se revela no sempiterno horizonte
alienígena. A sua sonoridade poderosa, evolutiva, esponjosa e celestial –
integralmente instrumental – vive de fortes contrastes, onde a alternância entre
a letargia e a euforia, o glacial e o infernal, a morosidade e a aceleração, a serenidade
e a ebulição convivem de perto e em sedutora harmonia. São 26 minutos saturados
de um puro deslumbramento que nos empoeira o olhar de matéria estelar. Uma fantástica
odisseia espacial, de estética cinematográfica Stanley Kubrick’eana, nas asas de
duas guitarras escaldadas em vulcânica distorção que se coligam na condução de
um verdadeiro tsunami de riffs titânicos, dinâmicos e ventosos, e desagregam na
libertação de solos vistosos, ácidos e virtuosos, um baixo de bafo obeso, coeso
e movediço, um teclado de aquosos, refrescantes e lustrosos coros siderais, e uma
bateria de baquetas em chamas que pontapeia e afogueia toda a gloriosa atmosfera
de ‘Cassini’ com uma energia imensamente contagiosa. A chamativa arte
gráfica – tão condizente com tudo aquilo que a sonoridade de Orbitron edifica
no imaginário do ouvinte – aponta os seus créditos de autor ao ilustrador francês
Jo Riou. Este é um EP verdadeiramente aliciante que imortaliza a jovem
banda germânica no meu radar. Apertem bem os cintos, recostem-se
confortavelmente, fechem os olhos e embarquem nesta espantosa digressão extraterrestre sem a
mais pequena vontade dela regressar.
Links:
➥ Facebook
➥ Instagram
➥ Bandcamp
Sem comentários:
Enviar um comentário